Ex-presidente da Uefa e ídolo do futebol francês, Michel Platini fez duras críticas à arbitragem de vídeo (VAR) nesta segunda-feira (18). Em entrevista ao programa de TV italiano “Che tempo”, o francês disparou: “Eu sou contra o VAR, acho uma bela merda e infelizmente nunca voltaremos atrás com isso.” Platini ainda disse, contrariando o que é propagandeado aos quatro ventos pelos inúmeros defensores do VAR na imprensa burguesa nacional e internacional, que “o VAR não regula as coisas, apenas move problemas. Demoraria 30 minutos para explicar por que sou contra”.
A opinião crítica de Platini vai de encontro à linha seguida atualmente pelas principais entidades que regulam o futebol (FIFA e UEFA, em especial). E isso, por sinal, não se trata de mera questão de opinião, mas de posições divergentes no interior das forças que disputavam e ainda disputam o controle do futebol. É bom lembrar que Platini cumpriu recentemente uma pena de suspensão de quatro anos imposta pela Tribunal Arbitral do Esporte (TAS, na sigla em francês), fruto dos desdobramentos da operação policial, desencadeada a partir e por iniciativa dos EUA, que prendeu, em 2015, diversos dirigentes de diversas entidades de futebol. Na esteira dessa operação, inúmeros dirigentes da FIFA, da UEFA, da CONMEBOL, da CBF etc. caíram na malha “anticorrupção” do imperialismo norte-americano — entre os quais José Maria Marin, então presidente da CBF — e foram alijados dos órgãos de poder ligados ao futebol. Platini estava entre esses dirigentes.
Tudo leva a crer que a dita “operação anticorrupção”, como sempre acontece em se tratando do imperialismo mundial, foi o pretexto usado para levar um outro grupo dirigente às instâncias de decisão no futebol, um grupo dirigente com ligações mais estreitas com os grandes monopólios capitalistas dos países imperialistas e cuja principal função fosse colocar o futebol sob o controle quase absoluto dessas forças políticas e econômicas.
O VAR e sua implantação, nesse sentido, seriam uma obra desse novo grupo dirigente, e a declaração crítica de Platini se encaixaria nesse quadro político mais geral, caraterizado pela luta entre a ala principal e mais poderosa do imperialismo e sua ala mais débil e de menor envergadura.
O VAR, como já é possível ver no Brasil e no mundo, é um mecanismo extraordinário de intervenção externa no jogo de futebol. Com a sua implantação, criaram-se um sem-número de pretextos, na maioria sujeitos à arbitrariedade dos árbitros do campo e da cabine, para a interferência do recurso do vídeo no andamento da partida, ou seja, criaram-se um sem-número de oportunidades para alterar e manipular o decorrer e o resultado do jogo. Para quem pretende controlar os negócios bilionários que giram em torno do futebol, é preciso também controlar o próprio jogo de futebol.
A crítica de Platini expressa a crise e a luta no interior das poderosas forças que dominam o futebol. É preciso aproveitá-las para defender um futebol controlado pelos seus verdadeiros interessados, pelos jogadores, pelos treinadores e, sobretudo, pelos torcedores, em especial os organizados. Abaixo o controle capitalista sobre o futebol! Abaixo o VAR!