Nesta quinta (8), o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) publicou em Genebra relatório pedindo ações de curto prazo contra a degradação das terras, o desperdício de alimentos ou as emissões de gases que provocam o efeito estufa pelo setor agrícola.
Com o título “As mudanças climáticas, a desertificação, a degradação dos solos, a gestão sustentável das terras, a segurança alimentar e os fluxos de gases do efeito estufa” o relatório procura atribuir o problema da fome.
O “nosso uso das terras […] não é sustentável e contribui para as mudanças climáticas”, afirmou a copresidente do IPCC, Valérie Masson-Delmotte. Em seguida apontou que o relatório “ressalta a importância de atuar de modo imediato”. “As terras estão sob pressão crescente das atividades humanas e das mudanças climáticas”, disse a climatologista francesa.
“A partir de 2°C de aquecimento global poderíamos enfrentar crises alimentares de origem climática mais severas e mais numerosas”, advertiu um dos autores, Jean-François Soussana. O documento afirma que não resta mais tempo, pois o aquecimento das terras emersas alcançou 1,53°C, o dobro do aumento global da temperatura, incluindo os oceanos.
O relatório é alarmista e faz demagogia com a situação de desigualdade imposta pelo capitalismo. Para o IPCC, além de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, também é necessário mudar os hábitos de consumo. “Atualmente entre 25% e 30% da produção total de comida é desperdiçada”, afirma o relatório, ao mesmo tempo em que 820 milhões de pessoas no mundo passam fome.
Na prática, o relatório da ONU coloca o desperdício de alimentos como causa da fome no mundo, ou seja, para resolver o problema da fome bastaria que houvesse menos desperdício. Não por acaso, a ONU mite que comidas e produtos dos mais diversos apodrecerem nas prateleiras dos supermercados porque a população não tem dinheiro para comprá-los, o que não tem relação alguma com o clima, mas sim com a crise do capitalismo monopolista.