O periódico espanhol “El País”, um dos principais órgãos de imprensa do velho continente, porta-voz dos interesses capitalistas na Espanha e também em toda a Europa, traz em sua edição eletrônica do último dia 05 de agosto, entrevista com Martin Ravallion, australiano, ex-economista do Banco Mundial, atualmente trabalhando como professor na Universidade de Georgetown.
O titulo dado à entrevista é a frase dita pelo economista, que ostenta o seguinte: “É preciso apagar a ideia de que reduzir a desigualdade é coisa de comunista”. A ideia implícita na frase, obviamente, é a de que o capitalismo seria capaz de superar as desigualdades, não sendo portanto, necessário abolir o regime de propriedade privada para se alcançar a tão almejada igualdade,
Para tanto, o ex-funcionário do Banco Mundial apresenta uma fórmula relativamente simples, que seria a superação das “iniquidades” (injustiça, pecado, perversidade) , obstáculo que ele identifica como dificultador para o fim das desigualdades. Portanto, removido este “pequeno obstáculo”, a humanidade estaria apta a seguir, com o capitalismo, em direção ao fim das desigualdades. Como se vê, uma ideia completamente moral do capitalismo, que segundo Ravallion, deveria abandonar sua vocação “malvada, pecaminosa e injusta”.
Nunca e demais lembrar que op capitalismo é um sistema econômico antagônico, alicerçado na propriedade privada dos meios de produção, ancorado no trabalho social e na apropriação individual. Desde os seus primórdios, ainda em sua fase de livre concorrência, o sistema já apresentava todas as tendências à concentração de renda, com o acúmulo de miséria e desigualdades.
O ex-economista e atual professor certifica que “gostaria que o capitalismo funcionasse para todo mundo. Não vejo isso acontecer”. Sim, claro, não é possível ver isso acontecer pelo simples fato de que é mesmo impossível, pois o capitalismo não só sempre funcionou, como atualmente funciona menos ainda para todos. Na verdade, o funcionamento do capitalismo é para bem poucos e cada vez menos ainda. O que se vê hoje no “funcionamento” do capitalismo é o caráter cada vez mais antagônico entre o desenvolvimento das forças produtivas e as relações de produção, relações capitalistas de produção (regime de propriedade privada), que se coloca cada vez mais como um obstáculo intransponível para o desenvolvimento das forças produtivas.
Portanto, a ideia de um capitalismo que atenda aos interesses de todos e que funcione para todos é não só fantasiosa como totalmente inviável na atual etapa (imperialista, dos monopólios) caracterizada pela maior e mais devastadora crise e bancarrota já vivenciada pelo sistema em todo o planeta. A agudização da luta de classes a nível internacional e o caráter cada vez mais acentuado das tendências destrutivas do capitalismo coloca para a humanidade, como única alternativa, a necessidade de lutar pela vitória da revolução proletária; pela implantação do socialismo em todo o planeta; pela abolição do regime de propriedade privada; pela supremacia social, econômica e politica da classe operária; pelo controle operário da produção; pelo estabelecimento da ditadura do proletariado que irá abolir a sociedade de classes de classes, rumo ao comunismo.