Recente artigo do economista norte-americano Nouriel Roubini aponta para uma nova crise mundial de proporções superiores à crise de 2008. Roubini é presidente do grupo de consultoria RGE Monitor, especializado em análise financeira e se notabilizou nos meios econômicos por prever o estouro da bolha especulativa imobiliária norte-americana e em seguida, a crise de 2008.
Segundo Roubini, “Muitas das ameaças envolvem os Estados Unidos. Guerras comerciais com a China e outros países, somadas às restrições de migração, investimento estrangeiro direto e transferências tecnológicas, podem gerar profundas complicações nas cadeias globais de fornecimento, elevando o risco da estagflação (crescimento lento somado a inflação)”
A análise do economista vai ao encontro da política do imperialismo com relação aos países atrasados. Pelo menos de 10 anos para cá, o imperialismo vem intensificando os golpes de Estado em diversas regiões de mundo, que visam, fundamentalmente, aprofundar o seu domínio sobre o conjunto das economias periféricas, na tentativa de fugir da sua própria crise. Em linhas gerais, essa política tem duas vertentes. Destruir as economias nacionais em proveito dos monopólios e por outro intensificar o roubo de matérias primas, principalmente o petróleo na busca por uma sobrevida das economias imperialistas.
O economista alerta, ainda, para o fato de que “nas economias desenvolvidas, a caixa de ferramentas de políticas para enfrentar as crises continua limitada. As intervenções monetárias e fiscais e os batentes do setor privado usados após a crise financeira de 2008, simplesmente não podem mais ser implementados, com os mesmos efeitos, hoje em dia”.
Para o economista, a crise de 2008 não foi superada. O crescimento econômico é pífio e se dá justamente através dos mesmos mecanismos de especulação que levaram a crise de 2008. Quer dizer, a especulação no mercado financeiro é muitíssimo superior ao crescimento real da economia mundial. Para piorar o cenário, os mecanismos de contenção da crise de 2008, não podem ou não surtiriam os mesmos efeitos para a nova crise que se avizinha, conforme volta apontar abaixo.
“Do ponto de vista fiscal, a maior parte das economias desenvolvidas tem déficits maiores e dívidas públicas mais altas hoje do que antes da crise financeira global, o que as deixa com pouco fôlego para gastos com estímulo à economia”.
Como se não bastasse a crise de conjunto que assola o imperialismo, cada vez mais tem se intensificado as disputas comerciais entre o Estados Unidos e a China. Segundo o economista, por si, essa disputa pode desencadear a nova crise mundial: “o choque nos mercados mundiais seria suficiente para acarretar numa crise global, independentemente do que os principais bancos centrais façam”.
No final de seu artigo, Roubini não aponta boas perspectivas para o avanço de um acordo entre os EUA e a China e conclui afirmando “o risco de uma recessão e crise global, numa economia mundial que já é frágil, só cresce”.
Ao prognóstico de Roubini para a crise que avizinha devem ser acrescidos outros elementos absolutamente explosivos que diz respeito ao fato da crise econômica que já está instalada em praticamente todo o mundo, mas, também, às crises políticas que resultam da crise econômica, mas que adquirem uma fisionomia própria, aprofundando sobremaneira a luta de classes no interior de cada país.
A 1ª Guerra Mundial significou um ponto de corte do ponto de vista do desenvolvimento progressista das forças produtivas sob o capitalismo. De lá para cá, todas as novas crises que ocorrem aprofundam as tendências destrutivas de um sistema absolutamente caduco.