O desenvolvimento dos acontecimentos políticos nos países da América Latina está jogando luz sobre a situação política brasileira. Olhemos o caso do Chile.
O povo está nas ruas há quase um mês sem recuar diante da repressão intensa do governo direitista de Piñera, diante das manobras do governo para tentar apaziguar os ânimos, nem mesmo a proposta de uma Constituinte fajuta conseguiu frear as manifestações que são cada vez maiores e contra com o apoio amplo das massas.
As manifestações são diárias e são massivas. A repressão brutal do governo não apenas não freou a mobilização como produz ainda mais revolta como reação ao governo.
Mas em meio a todo este ímpeto revolucionário onde está a esquerda chilena? As principais organizações políticas da esquerda procuram fazer o jogo parlamentar. Ao invés de orientar as massas para a derrubada do governo, que por sinal é a principal palavra de ordem do momento, procuram soluções parciais ou parlamentares.
Se recusam a participar diretamente das mobilizações e chamar o Fora Piñera, ignorando a vontade das massas, mas muito mais do que isso, se colocando como um freio.
Essa situação desmascara aqueles que no Brasil dizem que ainda não é o momento de chamar o fora Bolsonaro porque as massas não estariam “prontas para isso”. Essa ideia esconde na realidade que essa esquerda é contra derrubar o governo e que sua política é de crença e de sustentação do regime golpista. É a política parlamentar e institucional.
No Brasil, as massas não chegaram no nível de mobilização do Chile, mas como lá, aqui o anseio geral é a derrubada do governo. Tirar Bolsonaro e todos os golpistas, colocar abaixo o regime político são necessidades da luta das massas trabalhadoras no Brasil como no Chile e nos demais países.
Por isso é preciso orientar e preparar as massas para o enfrentamento que a situação nos Países vizinhos anuncia que está próximo no Brasil.
A esquerda brasileira que hoje não quer chamar o fora Bolsonaro também se recusará, assim como a esquerda chilena, a chamar o povo derrubar o governo. É um problema de mentalidade, de política adaptada à burguesia. O resto é apenas justificativa para a capitulação.