Na final da última semana, milhares de pessoas saíram às ruas de Honduras protestar contra o governo golpista de Juan Orlando Hernández.
Foram dias de intensos protestos, brutalmente reprimidos pelo exército, utilizado naturalmente pelo regime de extrema-direita hondurenho. Ao menos três pessoas morreram devido à repressão.
Esses protestos se inserem em uma jornada que já vem de semanas de manifestações esporádicas, mas que ganham cada vez mais tensão. Primeiro, foram os trabalhadores da saúde e da educação que se posicionaram contra os cortes neoliberais de Hernández, denunciando que isso levaria à privatização do setor.
Porém, com a agudização dos protestos, agora já há uma maior amplitude tanto nas categorias em revolta como na pauta das reivindicações. Pedem a derrubada de JOH.
Na semana passada, houve saques de supermercados e comércios, bloqueios de estradas e barricadas, principalmente na capital Tegucigalpa.
Mesmo com a repressão (além dos mortos, dezenas ficaram feridos nos protestos), até setores policiais têm aderido à revolta. Na semana passada, houve um chamado de paralisação da Polícia Nacional, levando a uma grande crise do regime.
Desde maio trabalhadores da saúde e da educação têm estado mobilizados, e ganharam apoio dos setores dos transportes. As aulas em diversas instituições de ensino também estão suspensas.
A burguesia hondurenha tem mantido seu apoio ao governo. Os empresários têm criticado os protestos porque estão causando perdas milionárias a seus negócios.
JOH é um fantoche dos Estados Unidos. “Eleito” em 2017 por uma gigantesca fraude eleitoral – paralisou a contagem de votos quando perdia, e voltou quando, milagrosamente, já estava na frente -, ele deu continuidade ao golpe de 2009 em um segundo mandato. Nessas eleições, venceu o candidato de Manuel Zelaya, o presidente derrubado pelo golpe imperialista de 2009, e se manteve no poder por meio de uma grande repressão.
Sua política é um choque neoliberal, com privatizações e entrega do país aos EUA. Honduras, hoje, não passa de um satélite do imperialismo. Essa política tem causado fome e miséria ao povo hondurenho, tanto é que grande parte dos emigrantes que atravessam a América Central para chegar aos EUA é proveniente desse país.
JOH é aliado de Bolsonaro. Os dois têm a mesma política de capacho do imperialismo e brutal repressão contra o povo, que se rebela contra a fome e a miséria. Os hondurenhos sofreram um golpe há 10 anos e a esquerda reformista buscou derrotá-lo pelas instituições. Não conseguiu, porque elas estão totalmente controladas pelos golpistas. Agora, mais uma vez, o povo tenta passar por cima dessa política ilusória e derrubar o governo nas ruas. A tendência, como vemos no Brasil, é a mesma em toda a América Latina: crise gigantesca dos regimes golpistas, e a única solução é a derrubada do golpe nas ruas, pelo povo.