Moçambique terminou, oficialmente, com décadas de guerra civil velada entre a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo – partido do governo) e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) nessa quinta-feira (01).
O acordo de cessar-fogo permanente foi assinado pelo presidente do país, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade, na base militar desta última organização, que fica nas montanhas de Gorongosa, de onde mantinha uma guerrilha desde a independência de Moçambique, na metade dos anos 70.
Segundo o acordo, 5.200 guerrilheiros da Renamo entregarão suas armas. A guerra civil, que teria matado um milhão de pessoas, terminou extra-oficialmente em 1992, mas até agora o grupo opositor – que se transformou em partido político – continuava com membros na luta armada. Assim, os combatentes da Renamo que entregarem suas armas serão anistiados e, no terreno institucional, os governadores das províncias não serão mais nomeados pelo governo central de Moçambique, e sim eleitos.
A guerra civil moçambicana começou em 1977, logo após a independência do país em relação a Portugal, em 1975. A luta pela independência foi encabeçada pela Frelimo, criada em 1962 sob uma orientação nacionalista e marxista. Chegada ao poder pela via armada, foi brutalmente boicotada pelo imperialismo português em decadência e também pelo imperialismo norte-americano, que financiou a Renamo desde sua criação como grupo anticomunista.
Desde a independência, Moçambique é governada pela Frelimo, cujo governo nacionalista, em um primeiro momento radical, foi se tornando cada vez mais moderado, abrindo o país para o capitalismo, sob forte pressão da desestabilização causada pela guerra civil e as sabotagens da Renamo, que impediram o desenvolvimento do país, absolutamente atrasado devido à exploração colonial – além das concessões feitas pela burocracia da Frelimo.