A crescente fuga de capitais do Brasil levou o Banco Central (BC) a anunciar que a partir dessa quarta-feira (21) até o dia 29 de agosto leiloará US$ 550 milhões por dia, totalizando para o período quase US$ 4 bilhões de uma reserva estimada em US$ 388 bilhões.
Caso a demanda por dólares seja superior aos valores leiloados diariamente, a diferença será coberta com a de operações de contratos de swap – um mecanismo de venda dólares no mercado futuro relacionada à taxa de juros. Em comunicado oficial, o BC informou que ”considerando a conjuntura econômica atual, a redução de proteção cambial (hedge) pelos agentes econômicos por meio de swaps cambiais e o aumento da demanda de liquidez no mercado de câmbio à vista, o Banco Central do Brasil comunica que, para efeito da rolagem de sua carteira de swaps, implementará a oferta de leilões simultâneos de câmbio à vista e de swaps reversos”.
Essas operações do BC, quando feitas somente por meio de swaps só tem efeito sobre a dívida pública (o que já é um grande problema). Da maneira com será feita terá impacto, também, sobre as reservas do país, Desde 2009, no auge da crise hipotecária norte-americana que levou à insolvência diversos bancos nos Estados Unidos e na Europa, o governo brasileiro não leiloava dólares à vista.
A reação do BC está intimamente relacionada à fuga de capitais do mercado acionário brasileiro. Entre janeiro e o dia 15 de agosto deste ano, foram R$19,2 bilhões. Esse valor é o maior desde 1996, quando esse índice passou a ser medido mensalmente na Bolsa de Valores de São Paulo, superando, inclusive, o mesmo período de 2008, quando a fuga de investimentos da Bovespa para aplicações mais estáveis, principalmente de papeis da dívida pública norte-americana, atingiu R$ 16,5 bilhões.
Alertas de analistas do mercado financeiro sobre a retomada da etapa da crise mundial aberta em 2008 em condições de muito piores se comparado ao período imediatamente anterior ao seu “estouro” parecem estar se colocando com muito mais rapidez do que a expectativa inicial. Países atrasados como o Brasil, Argentina, África do Sul, entre outros nas mesmas condições, são os primeiros a sofrerem o impacto.
No caso do Brasil ainda tem um agravante. A atual situação da economia coloca o País em uma condição ainda mais fragilizada. Além da recessão, a crise argentina aliada à guerra comercial entre os EUA e a China transformam o país na “bola da vez e muito próximo da caçapa”.
Uma questão que não poderia deixar de ser mencionada é que a crise mundial refletida no Brasil coloca em evidência o caráter absolutamente artificial e parasitário do crescimento das empresas na Bolsa de Valores. É óbvio que existe um fosso enorme entre o valor real das empresas e o valor especulativo que chegam a atingir nas bolsas. Mal comparando. os trilhões de dólares de capital especulativos são como uma droga de grande potência que causa uma euforia momentânea, mas que, ao final, apenas transforma o usuário em um dependente e fatalmente irá levá-lo à morte.