A primeira parte da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ocorreu no dia 03 de novembro (domingo) e veio incorporada com a política fascista de censura prometida por Bolsonaro em sua campanha eleitoral.
As tradicionais questões sobre a ditadura militar de 1964 simplesmente não apareceram na prova, assunto que é frequentemente abordado no exame há cerca de dez anos. Sobre o acontecimento, o ministro fascista da educação, Abraham Weintraub, declarou:
“Nossa orientação para o time que escolheu as questões foi para que a prova selecionasse as pessoas mais qualificadas. O objetivo do Enem não é doutrinar[…] Podemos falar em regime militar ao invés de ditadura, mas é uma discussão que não vai levar a nenhum lugar. Ao contrário das edições anteriores, onde vimos sujeira, doutrinação e problemas cabulosos com gráficas, este exame foi um sucesso. A cara do governo Bolsonaro.”
Weintraub ainda disse que esse era o “Enem do novo ciclo”, que “não fica doutrinando, não fica buscando polêmica. Nem o pessoal mais à esquerda está criticando”.
Numa coisa o ministro está certo: a prova foi a cara do governo Bolsonaro. A cara de um governo de extrema-direita, que clama pelo “sem partido”, quando isso na verdade significa “com partido”: o partido da direita, do fascismo, da censura e da doutrinação.
Bolsonaro sempre atacou o Enem, por vezes soltando pérolas como “O sonho petista em querer nos transformar em idiotas materializa-se em várias questões do ENEM”, chegando inclusive a chamar a prova de “Exame Nacional de Ensino Marxista”.
Já na prova do dia 03, Bolsonaro afirmou que não ocorreu “nada de anormal” no exame e que tudo “foi bem”. Porém, sabemos que isso é só o início de uma política de censura que irá afetar a todos.
Outra prova da política de censura e repressão da direita foi demonstrada no vazamento de fotos da prova no dia do exame. Sobre o caso, Weintraub disse que quem vazou as imagens se arrependerá “amargamente de um dia ter vindo ao mundo.”
A história “sem partido” é a história manipulada, é história sem história, é a tentativa de fazer doutrinação ideológica e de censurar os fatos, algo que a direita acusa a esquerda de fazer e agora o faz.
A censura, a repressão e as tentativas de doutrinação irão se intensificar e ir muito além do Enem. Não podemos seguir o exemplo da esquerda eleitoreira que só se preocupa com uma candidatura para 2022, é necessário convocar o povo para as ruas, pois só por meio da mobilização podemos derrubar o governo Bolsonaro e libertar Lula.