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A esquerda que brinca com fogo (parte I)

A política da esquerda brasileira, praticamente em sua totalidade, está brincando com fogo. O fogo aqui é mais que uma figura de linguagem, é uma realidade que avança no país a passos largos. É a capitulação diante da “política de aproximações sucessivas” preconizada pelo então general Mourão, que é o caminho do País rumo a instalação de uma ditadura militar.

Ainda diante do golpe de 2016, uma parcela considerável da esquerda custou acreditar que o movimento para a derrubada da presidenta Dilma Rousseff tratava-se de um movimento golpista. Até hoje existem setores, como o PSTU e correntes do Psol, que sequer acreditam que houve golpe. Aqui não trataremos desses casos, pois o desenvolvimento dos acontecimentos já tratou de colocá-los em seus devidos lugares, ou seja, no nada da política, grupos marginais que se transformaram em correia de transmissão da política imperialista no País e no mundo, como é o caso de suas posições de apoio à política do imperialismo de destruição dos governos da Venezuela e da Síria e  por isso estão em franca dissolução.

O que apresento aqui é a ação prática do regime político instaurado com o golpe de 2016, que de um ponto de  vista objetivo se desenvolve a passos largos no caminho de quebrar, por ações legais e ilegais a “casca” das liberdades democráticas que existem (iam) no Brasil e estabelecer um regime de exceção no País.

Sem sombra de dúvidas, além do golpe absolutamente escancarado do impeachment, as ações para incriminar dirigentes do PT e, muito em particular o ex-presidente Lula, através da operação imperialista da Lava-Jato, são peças fundamentais na escalada direitista.

De lá para cá a situação só avançou. Se a derrubada de Dilma já foi absolutamente farsesca, o que dirá a condenação e prisão de Lula. A Constituição, para a execução desse intento, foi absolutamente rasgada. Condenaram e prenderam Lula sem provas, sem nada, com uma condenação em 2ª instância, agredindo frontalmente uma das cláusulas pétreas da Constituição, cláusulas estas que só podem ser alteradas por um novo processo constituinte e isso tudo ficou escancarado com as denúncias do Intercept, que comprovaram aquilo que já era do conhecimento de amplas parcelas da população.

O passo seguinte foi o de legitimar o golpe com um “verniz democrático”, com a “vitória” de um candidato saído das entranhas do próprio golpe. Diante do amplo repúdio popular ao golpe, aos golpistas e seus partidos, a burguesia foi buscar socorro no candidato da extrema-direita, apoiando o ex-capitão do Exercito Jair Messias Bolsonaro. Obviamente tudo feito às custas da exclusão do processo eleitoral de Lula, o candidato do povo que expressava justamente todo o repúdio popular ao golpe.

Decorridos oito meses desse a sua posse, o governo Bolsonaro expressa o sentido do golpe. As ações legais cada vez mais avançam, mas além delas, as ações fascistas caminham de vento em popa pelo País afora. Os assassinatos e esmagamentos de sem-terras e índios se aprofundam; as intervenções do aparato repressivo do Estado estão se tornando uma constante, com policiais invadindo assembleias e reuinões da esquerda de norte a sul do país; o avanço dos milicianos vinculados às polícias estão se avolumando no país. Um exemplo claro do avanço dos grupos paramilitares foi o massacre de presidiários em Altamira do Pará por uma facção apoiada pelos milicianos, contra uma outra facção, o Comando Vermelho, que está em disputa, justamente, contra os milicianos, pelo controle das favelas e das periferias das metrópoles brasileiras.

Acreditando que está se colocando como oposição as manobras da extrema-direita, a esquerda nacional, cuja única preocupação e o calendário eleitoral, na verdade esta sendo atraída pela política da direita, do chamado CENTRÃO, conduzida pelo presidente da câmara federal, o direitista Rodrigo Maia. O fato, no entanto, é que a luta de classes não espera pelas eleições e enquanto a esquerda entra em acordos de bastidores com a direita, a extrema direita avanca em seu projeto e em sua política de destruição do pais e de ataques aos direitos as conquistas das massas populares  

Bolsonaro já deixou claro em seu discurso de posse que o seu objetivo é o de acabar com o “socialismo no país”. Em outras palavras, o socialismo que o capacho de Trump que acabar é, na verdade, destruir tudo que o movimento operário e a luta dos trabalhadores conquistaram em suas lutas e enfrentamentos com a burguesia no país nesses últimos 100 anos.

 E a esquerda em todo esse período? Muita conversa e pouca ação. Dizia ela que o impeachment era um “revanchismo” de quem havia sido derrotado nas eleições, depois transformou-se num revanchismo do presidente da Câmara, o corrupto e venal Eduardo Cunha. No avançar do processo, mais ilusões, com a crença absurda de que a Câmara e depois o Senado não iriam aprovar o afastamento da presidenta. Tudo foi aprovado!

Com Lula, a mesma coisa, só que agora com o Judiciário. A 13ª Vara de Curitiba (a gangue da Lava-Jato) não tem elementos para condenar, depois o TRF 4 de Porto Alegre não iria referendar, depois o STF, o STJ….daqui há 10 dias Lula estará solto. O fato e que o ex-presidente se encontra-se encarcerado há quase 500 dias!

Nas eleições, a candidatura Haddad transformou a campanha contra Bolsonaro em um grande espetáculo, onde não faltaram elementos assustadores  do tipo a “luta do bem contra o mal”, “civilização contra a barbárie”, “derrotar o fascismo nas eleições’, entre outros dirigidos a extrema-direita.

Passadas as eleições, o candidato que encarnava a luta do mal contra o bem foi cumprimentado, a ele foi desejado “sucesso”e com num passe de mágica tudo aquilo que era “luta” contra o fascismo se mostrou o que realmente era: uma mera retórica eleitoral.

No próximo artigo, voltaremos ao assunto. Trataremos de discutir a política da esquerda; o significado do elogio de Haddad aos militares; a confraternização entre os deputados Freixo e Janaina Paschoal; a política do “Fica Bolsonaro”, “a inócua política da resistência”; enfim, a capitulação da esquerda diante do avanço do golpe e sua evolução no sentido de ir cada vez mais no caminho de uma ditadura militar.

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