A demora excessiva, as interferências constantes e cada vez mais decisivas, as arbitrariedades recorrentes na sua utilização, os problemas técnicos que apareceram aqui e ali e inúmeras outras trapalhadas têm colocado em xeque o árbitro assistente de vídeo — também conhecido como VAR (na sigla em inglês) — no Brasil.
Diante dos problemas que a sua utilização tem gerado, até mesmo os seus defensores tradicionais, como a imprensa golpista, se veem obrigados a criticar o suposto recurso tecnológico. O comentarista Casagrande, por exemplo, da direitista TV Globo, afirmou durante o Globo Esporte desta terça-feira (13) que os árbitros estão “se escondendo” atrás do VAR, e, sobre as demoradas interrupções do jogo, concluiu: “Está demais!” Já não é tão raro se deparar com críticas semelhantes a essa nos demais canais de mídia da direita.
Os questionamentos ao uso do VAR se avolumaram nos últimos meses, e a CBF, por meio do seu presidente da comissão de arbitragem, Leonardo Gaciba, foi forçada a entrar na jogada para tentar esfriar a fervura. O chefe da arbitragem brasileira reconheceu que “houve demora excessiva” e afirmou: “Não gostei, foi muito tempo e causou desconforto”. No entanto, ressalvou que os problemas ocorreram apenas em alguns jogos (“em dois jogos fora da curva”), e que, no final das contas, “as decisões foram acertadas, o que é mais importante”. E concluiu lançando mão do demagógico argumento da “justiça”: “A tabela do Brasileirão, em 14 rodadas, está mais justa quando comparada ao ano passado. A justiça é o mais importante, mas precisamos achar um equilíbrio entre ela e a emoção”.
A CBF, com um discurso defensivo, tenta manobrar a situação e aposta na apresentação de fórmulas e propostas de aperfeiçoamento do uso do árbitro de vídeo. Os comentaristas esportivos da mídia golpista criticam, mas ressaltam que o VAR, o recurso tecnológico, não pode ser confundido com a sua péssima utilização pelos apitadores brasileiros.
A verdade é que o acúmulo de erros grotescos protagonizados pelo VAR se choca frontalmente com as promessas de diminuição dos erros de arbitragem, com as promessas de promoção do “jogo limpo” (fair play) e da justiça no futebol. É possível mesmo perceber um cenário de crise em torno do VAR, um cenário marcado por inúmeros obstáculos, dificuldades e contradições na implantação dessa ferramenta de interferência externa no jogo.
Posto isso, esclareçamos as coisas: o VAR, ao contrário do que prega a imprensa burguesa, não irá deixar o jogo mais justo, mais “limpo”, com menos erros de arbitragem. Não é essa a sua função real e efetiva. O VAR é uma ferramenta que aumenta os meios de controle e interferência dos que estão “fora de campo” sobre os que estão “dentro de campo”. O VAR, na verdade, representa um aperfeiçoamento do controle que os poderosos (cartolas, empresários, grandes corporações capitalistas, forças políticas etc.) sempre procuraram exercer sobre o futebol. Dentro do futebol, consiste numa espécie de correia de transmissão aprimorada dos interesses das forças políticas e econômicas dominantes. É um instrumento de manipulação de resultados, de controle externo, de corrupção dentro do esporte, portanto. O discurso da “ética”, da “justiça” e do “jogo limpo” não é mais que cinismo e demagogia e tem a missão de encobrir ou ocultar o propósito real do árbitro de vídeo.
A existência do VAR só interessa aos poderosos, aos cartolas e dirigentes das federações e confederações, aos grandes capitalistas que atuam nos negócios do futebol. Por isso, para defender os interesses do povo oprimido, verdadeiro criador do futebol brasileiro, só resta uma saída: extinguir o VAR.