A mineradora canadense Semafo transportava trabalhadores na região leste da Burkina Faso quando foi surpreendida por homens armados, que dispararam contra o comboio. Esta foi a terceira emboscada nos últimos 15 meses. O comboio viajava de Fada-Ngourma às minas de ouro de Bongou, era formado por 5 ônibus e contava com a escolta do exército. A informação oficial é que 37 pessoas foram mortas e outras 60 ficaram feridas no tiroteio. Na tentativa de escapar destes ataques, a Semafo já utilizou até helicopteros para transportar seus trabalhadores à mina.
Burkina Faso é um dos vários países que nasceu das revoluções nacionalistas de libertação que tomaram conta da África no pós-guerra, e deixaram a região picotada por fronteiras mais ou menos artificiais, permeada de miséria, desigualdade e problemas sociais não resolvidos, provocados pelas elites europeias desde os tempos coloniais e escravagistas. As guerras de independência não diminuíram a sede da burguesia imperialista em explorar os recursos naturais existentes na região. Para isso, patrocinam, com frequência, golpes de estado e milícias locais, para desestabilizarem governos e imporem representantes aliados a seus interesses.
Sob a ganância imperialista, todo esforço é para extrair as riquezas do país ao mais baixo custo, sem qualquer preocupação com a construção de uma infraestrutura mínima que permita o desenvolvimento de mercados locais e da sociedade. Isso faz com que a população pobre só encontre alternativas miseráveis. Quase meio milhão de habitantes abandonaram seus lares à procura de regiões mais seguras nos últimos anos. Os que permanecem, encontram trabalhos arriscados e de baixo salário, como a atividade mineiradora. Outros se juntam à guerrilha armada, na tentativa de controlar porções territoriais e seus recursos.
Este contexto faz com que a Burkina Faso seja um dos vários países africanos onde a luta de classes se manifeste escancaradamente como um conflito armado, no qual grupos locais disputam o controle da região à bala.