Ao longo de décadas, o feminismo liberal tem servido como armadilha para a luta pela emancipação das mulheres. Um exemplo claro disso é o surgimento do Lola (Aliança das Mulheres da Liberdade) no Brasil. O grupo de feministas – e também não-feministas, como elas mesmo afirmam – fez uma aparição na manifestação do dia 30 de Junho, na Avenida Paulista, em favor do juiz golpista Sérgio Moro. O fato de mulheres que se dizem “feministas” estarem numa manifestação que defende um juiz que sustentou um golpe no Brasil, que fez com que as mulheres fossem mais exploradas ainda, já anula a bandeira de luta pela emancipação das mulheres.
O Lola defende que é completamente aceitável “conciliar feminismo com liberalismo”, mas, a não ser que elas estejam falando de uma luta puramente pequeno burguesa e superficial, essa afirmação não passa de uma premissa falsa – e das piores. O grupo, que surgiu nos EUA, berço do imperialismo, defende pautas como equidade salarial, contudo, se utilizam de um discurso completamente distorcido da realidade, dizendo que mulheres ganham menos do que os homens porque costumam ir para a área de humanas, enquanto os homens, para as exatas. Não somente, afirmam que essa é uma questão que pode ser resolvida na educação para as mulheres, quando, na verdade, não existe a mínima possibilidade de qualquer tipo de equidade dentro do capitalismo.
Esse argumento é totalmente falho e desconsidera um fato incontestável: as mulheres ganham menos, pois o capitalismo se sustenta à base de muita exploração e do arquétipo da mulher dona de casa. É um completo desvio da real emancipação da mulher, mas não é inocência delas. Elas, como mulheres liberais – lembrando que o liberalismo já foi ultrapassado e hoje vivemos num neoliberalismo, onde os monopólios controlam a economia mundial – sabem que esse feminismo liberal não liberta ninguém, pelo contrário, tenta aprisionar as mulheres a uma luta individual, propagando o “empoderamento” do indivíduo e não uma luta classista.
Esse grupo surge como um mecanismo da burguesia para distrair as mulheres trabalhadoras da luta de classes, a luta no campo político, econômico e social, iludindo-as com o famoso discurso do empoderamento individual e meritocracia. A luta das mulheres deve ser via luta revolucionária, contra a burguesia, objetivando a emancipação da classe trabalhadora como um todo, pois só assim as mulheres e demais setores oprimidos da sociedade poderão ter a chance de se livrar da exploração.