A retirada das tropas estadunidenses da Síria e a continuidade da instabilidade social naquela região evidencia a grande crise na qual se encontra o imperialismo, liderado pelos EUA.
Com olhos na corrida eleitoral, já enfrentando processo de impeachment, e com um Estado altamente endividado, Trump quer evitar mais custos políticos e econômicos de manter uma guerra. A decisão, naturalmente, irritou seus rivais do Partido Democrata, e também os setores dominantes do imperialismo, que gostariam de manter a continuidade da destruição até encontrarem condições de controlar uma região.
Tudo isso é resultado das dificuldades crescentes do principal país imperialista de manter seu controle sobre o Oriente Médio. Na Síria, ao longo dos últimos anos, os EUA precisaram financiar grupos curdos e árabes, como as “Forças Democráticas Sírias” (FDS) na tentativa sem sucesso de derrubar Bashar Al-Assad. Com a retirada das tropas estadunidenses, o presidente turco Erdogan aproveitou para iniciar uma ofensiva nas fronteiras.
Erdogan pretende avançar 38km para dentro da fronteira síria. Seu plano é desmobilizar as FDS e povoar a região com os refugiados sírios que entraram no país ao longo dos últimos 5 anos de guerra imperialista. Erdogan também se preocupa com a presença de curdos armados perto da fronteira turca, que podem se juntar aos curdos turcos que fazem oposição ao seu governo. O Governo Sírio, por sua vez, não está fazendo nada para resistir à invasão turca, já que também tem interesse no enfraquecimento das FDS. A saída também fortalece o Estado Islâmico (ISIS), que controla a metade oriental da Síria, e vinha perdendo espaço para as forças imperialistas.
Um estudo da Brown University concluiu que só os EUA já gastaram quase 6 trilhões de dólares nas campanhas militares do Afeganistão, Iraque, Síria e Paquistão, desde 2001. Em nenhuma delas, o imperialismo conseguiu ganhar posição de controle sobre as áreas invadidas. Pelo contrário, deixou-se basicamente um rastro de caos e destruição.
Cada vez mais, não resta ao imperialismo outra coisa a não ser entrar em guerras para perder. Esta é uma tentativa desesperada das burguesias tentarem se manter, num capitalismo em fase terminal. Incapazes de levar progresso às regiões aonde chegam, os grandes capitalistas levam apenas forças militares, na tentativa de impedir ou adiar o surgimento de concorrentes à altura.