O portal jornalístico do PCdoB na internet, o Vermelho, trouxe uma matéria sobre a intervenção da presidenta do partido, a deputada Luciana Santos, sobre a situação política em reunião que marcou a fusão do PCdoB com o Partido Pátria Livre.
A matéria esclarece bem a posição não só do PCdoB como da maior parte da esquerda pequeno-burguesa, que se recusa a levantar qualquer palavra de ordem que aponte para a derrubada do governo Bolsonaro e do regime político golpista em geral.
Diante do governo impopular, que chegou ao poder através de uma fraude descarada e que tem como objetivo impor ataques profundos às condições de vida dos trabalhadores e de todo o povo, o PCdoB busca uma política que em suma representa a sustentação do governo. Diante da tendência do regime político golpista de intensificar a ditadura contra o povo justamente para impor tais medidas econômicas, o PCdoB prefere uma “oposição” institucional.
A presidenta do PCdoB, assim como boa parte da esquerda que se encontra no Parlamento e nas instituições, acredita que seria possível “ajustar” o governo, “coloca-lo na linha” como dizem alguns: “Não há uma única ação dirigida a enfrentar a retomada do crescimento econômico”, diz ela. Mas qual seria a surpresa? É como se acreditássemos que Bolsonaro e sua corja de malucos e fascistas (uma qualidade normalmente vem atrelada à outra) não estariam no poder justamente para destruir o País economicamente.
E ela vai além em sua tentativa de apontar as “ineficiências” do governo: “o governo toca uma música de uma nota só: a ‘reforma’ da Previdência Social. Em essência, a única ação concreta do governo em seus cinco meses, que pelo seu caráter nocivo aos mais vulneráveis vem sofrendo forte resistência. A atuação das forças de oposição, em coordenação com as forças do centro, tem permitido vitorias pontuais nesse tema”. Aqui, Luciana Santos dá a entender que a reforma da Previdência poderia ser um dos temas a serem discutidos, ou seja, o problema não é acabar com a reforma que quer destruir a aposentadoria do povo, mas de repente fazer alguma reforma na reforma como se fosse possível torna-la menos nociva para o povo. E Luciana quer essa reforma da reforma se aliando ao chamado “centrão” político.
O principal foco de resistência seria os partidos golpistas do centrão que são justamente o núcleo político fundamental do golpe e de todos os ataques contra o povo e são os responsáveis pela chegada de Bolsonaro ao poder. DEM, PSDB, PMDB e outros partidos que colocaram em marcha o golpe de Estado, soltaram os cachorros bolsonaristas nas ruas, apoiaram a eleição fraudulenta de Bolsonaro, tudo isso para justamente impor a reforma da Previdência e todos os ataques contra a população.
A explicação mais adiante esclarece qual a política do PCdoB: “O núcleo central da tática do PCdoB continua o mesmo: resistência, amplitude e sagacidade. A resistência tem sido feita nas ruas e no parlamento. A sagacidade está principalmente em conseguir explorar contradições entre as forças que poderiam aderir ao governo Bolsonaro.” Ela acredita que é possível se aliar aos setores golpistas que eventualmente estejam em contradição com Bolsonaro. Eventualmente porque como dissemos, é justamente o “centrão” o principal núcleo que sustenta o governo e principalmente as medidas anti-povo.
A essência da política do PCdoB é buscar uma frente com os setores golpistas. “Neste sentido, o momento é de restabelecer pontes, abrir diálogos com outros campos políticos. É de grande significado os movimentos que o governador Flávio Dino vem realizando, como as visitas a figuras do mundo político, como o ex-Ministro Nelson Jobim e aos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso FHC e Luiz Inácio Lula da Silva”. O PCdoB quer atrelar a luta contra o golpe a uma manobra política entre setores da burguesia e da direita golpista. Falando mais claramente, é uma política que visa colocar o movimento de luta contra o golpe a reboque dos próprios golpistas.
A “oposição” e “resistência” do PCdoB é na realidade a sustentação do próprio governo Bolsonaro ou de alguma variante dele, caso a burguesia – não o povo – decida substituir Bolsonaro. Essa é a consequência da política de frente ampla com os setores do “centrão” cujo nome correto é DEM-PSDB-PMDB ou seja partidos golpistas.
Essa “resistência” tem como grande objetivo esperar as próximas eleições fraudulentas – se houver novas eleições. Enquanto o povo espera até 2022, o PCdoB propõe que se “resista”. Vamos resistindo sem aposentadoria, sem direitos trabalhistas, sem indústria nacional, sem universidades, sem escolas e com repressão.