Na América Latina, em todas as regiões, o movimento de luta das massas populares vem se impondo como um fenômeno de extraordinária importância social e política para todos os povos do continente. A situação na quase totalidade dos países indica claramente que a luta dos explorados ingressou em um patamar de enfrentamento direto com os governos, o regime político da burguesia e, por conseguinte, com o inimigo maior de todos os povos, o imperialismo norte-americano.
O emergir da luta social na América Latina, atingindo a maioria dos povos, expressa o esgotamento dos regimes pseudo-democráticos da região, que nunca foram, verdadeiramente, regimes democráticos representativos plenos, mas soluções artificiais, por cima, a frio, encontradas pelo imperialismo em substituição às ditaduras que marcaram os governos diretamente financiados e apoiados por Washington e pela Casa Branca nas décadas de sessenta e setenta do século passado. As “democracias” de fachada que sucederam os governos militares mantiveram, em sua essência, todos os aspectos principais das ditaduras, especialmente o aparato repressivo que hoje se coloca para reprimir as mobilizações.
A característica fundamental das mobilizações que ocorrem em vários países está marcada não por reivindicações limitadas, parciais, de tipo sindical ou econômicas por exemplo, ou mesmo a substituição de ministros do governo, mas pelo fim do regime de exploração da burguesia, contra as medidas de ataque à população, contra o neoliberalismo. No Haiti, no Equador e no Chile, o movimento protagonizado pelas massas está claramente dirigido contra o regime político em seu conjunto, contra as instituições que legitimam a política da burguesia e do imperialismo contra o povo trabalhador. Mais recentemente, a população uruguaia saiu às ruas da das cidades para protestar contra um projeto de lei que prevê o retorno dos militares à vida política do país.
Em oposição à ideia advogada pelos democratas vulgares, de que as mobilizações nos países latinos ameaçam a “democracia” no continente, o fato é que o movimento das massas populares que irrompeu em diversos países da região se apresentam como a única e verdadeira ação política democrática, colocando como reivindicação não somente o fim dos regimes de opressão, miséria e fome, mas o desmantelamento de toda a estrutura apodrecida que sustenta a exploração capitalista na América Latina. Os diversos governos fantoches, títeres do imperialismo não representam, nem minimamente, qualquer ideia de democracia, pois estão voltados para atacar as condições de vida das massas, de atuarem como verdugos do seu próprio povo, que se utilizam das Forças Armadas, do Exército e da polícia para reprimir a luta das massas.
A tarefa mais imediata que se apresenta para a esquerda latino-americana, neste momento, é oferecer às massas populares uma ação consciente para as lutas que estão em curso, em movimento e não, como defendem alguns setores, evitar a convulsão social ali nos países onde a população se levantou contra os governos reacionários, de direita, serviçais do imperialismo. Esta luta deve ser guiada por um programa claro, classista; por um conjunto de reivindicações que faça avançar as mobilizações e o enfrentamento da população e dos demais setores oprimidos contra a burguesia, a extrema direita e o imperialismo.