No Brasil não tem “recall” para o político eleito.
Em alguns países, a população tem o direito de reavaliar o ocupante do cargo executivo e, se for o caso, mandá-lo para o chuveiro mais cedo.
Nos países com regime parlamentarista tudo depende da formação do legislativo: em muitos lugares, é realizada uma eleição para o parlamento em uma data intermediária à eleição para chefe do executivo, seja primeiro-ministro ou presidente, no meio do mandato dele ou dela.
Isso serve para várias coisas, entre elas aferir a popularidade do mandatário passados 50% da posse no cargo. Se a maioria dos parlamentares eleitos são de partidos políticos de oposição ao executivo, isso serve de freio para os planos em execução, sinal de desaprovação. Por outro lado, se a maioria dos ocupantes do legislativo eleitos a partir do meio do mandato do executivo forem do mesmo lado, significa sinal super verde para a política em curso.
Muito recentemente, em Israel, por exemplo, onde o primeiro-ministro re-eleito, Benjamin Netanyahu, ganhou apoio durante a campanha de seu simpatizante Jair Bolsonaro, a situação se mostrou ainda mais radical: Bibi (como é chamado) não conseguiu formar maioria parlamentar para poder governar em um outro mandato. Significa que cortaram o cheque especial dele. Ele foi re-eleito para o cargo pelos bolsonaristas de lá, mas o povo de Israel, ao mesmo tempo, demonstrou que a extrema direita não está com todo o gás.
Aqui no Brasil a população também tem o direito de demonstrar que está com o saco cheio. Tem gente desavisada que foi na onda do vizinho descabeçado ou do parente tantã e não tinha muita informação do traste que estava escolhendo. A imprensa escondeu quem era Bolsonaro, sua família, seu influenciadores e todos os seus laranjas. Os jornais, as revistas semanais, as rádios e os telejornais fizeram o favor de dourar a pílula, de pintar o bode com as cores que lhes convinham, que patrocinavam os interesses dos veículos de comunicação e reluziam para a burguesia.
E agora? Quem acordou e percebeu a besteira que fez, dá pra ligar para o SAC, reclamar no Procon? Só descobriu depois quem é realmente Bolsonaro, o que ele fez nos 28 anos em que ele foi deputado e o que ele pretende fazer com o Brasil? Dizer que o consumidor foi levado a erro, foi enganado, foi logrado, se lascou, comprou gato por lebre? O povo tem que aguentar quatro anos esse rame-rame, essa loucura toda, todo dia é anunciado um direito a menos, uma tungada a mais?
Sem nem falar no fato de que Bolsonaro foi eleito pela fraude, pelo fato de que tiraram o principal candidato das eleições, o presidente Lula.
Não. O povo não tem que aguentar a opressão, o descalabro e o futuro das próximas gerações comprometido. Todo o poder emana do povo e em seu nome é exercido. O poder do povo é superior a tudo, até do Supremo.
O povo tem o direito de exigir. O país não é da minoria engravatada nos escritórios com ar condicionado e passeando nos shoppings de Miami. O povo tem o direito de derrubar Bolsonaro e os bolsonaristas, como o governador do RJ, que do alto de um helicóptero atira na população desarmada lá embaixo no chão, entre outros que também andam fazendo barbaridades.
Não é possível aguentar tanta desgraça até 2022. Para quem ainda tinha alguma dúvida, o próprio Bolsonaro declarou depois da posse, em visita a seus patrões nos Estados Unidos, que está no cargo para destruir tudo, para desfazer tudo que foi feito, para fechar as universidades, vender as estatais e entregar o País inteiro para os gringos com o gado escravo dentro.
O povo não tem que ficar parado esperando o abatedouro. O povo tem o direito de tomar uma atitude e botar todos para correr. O povo tem o direito de retomar o Brasil.