My Lay é o nome de uma aldeia no antigo Vietnã do Sul que foi vítima de um massacre realizado pelos soldados dos Estados Unidos durante a Guerra do Vietnã (1955-1975). Foi o maior massacre cometido por tropas norte-americanas no período em que eles estiveram naquele país asiático.
A operação teve origem numa suposta denúncia recebida pela Companhia Charlie, da 11ª Brigada da 23ª Divisão de Infantaria do exército norte-americano, de que a aldeia servia de refúgio para guerrilheiros vietcongues da FNL (Frente Nacional para a Libertação do Vietnã). Assim, sob o comando do tenente William Calley, integrantes de um dos pelotões seguiram em direção ao local.
Ao chegarem na aldeia, no dia 16 de março de 1968, o tenente Calley deu ordens para “limpar My Lay” e para “matar tudo o que se mexesse”. O resultado foi que, em apenas quatro horas, os animais foram mortos, choupanas foram queimadas, mulheres foram estupradas e mutiladas e os homens e as crianças foram executados. No local, foram encontrados 504 cadáveres. Todos eles estavam desarmados e, portanto, com pouca ou nenhuma condição de defesa e, no entanto, foram mortos a sangue frio.
Os relatos históricos apontam que houveram cerca de vinte sobreviventes. E esses, para conseguirem escapar com vida, tiveram que se fingirem de mortos, chegando, inclusive, a ficarem horas em meio aos cadáveres.
O massacre se encerrou por iniciativa do piloto de helicóptero Hugh Thompson Jr., que viu a matança do alto e fez um pouso, ameaçando atirar com as metralhadoras de sua aeronave contra os soldados de seu próprio país caso a operação continuasse.
Esse crime chegou a público um mês depois do ocorrido, através de denúncias oriundas do próprio exército norte-americano, até o gabinete do então presidente dos EUA, Richard Nixon, e aos diversos órgãos de imprensa. Jornalistas independentes, por sua vez, tiveram acesso a fotos das execuções e tornaram o caso conhecido em todo o mundo, causando pavor e indignação do grande público, fazendo com que a população dos Estados Unidos pressionasse o presidente Nixon a retirar as tropas americanas do Vietnã.
Em 1970, 25 soldados foram indiciados por crimes de guerra e ocultação de fatos e provas. Apenas o tenente Calley foi indiciado e julgado, recebendo condenação à prisão perpétua. Porém, foi perdoado dois dias depois da divulgação da sentença, e recebeu uma pena alternativa de três anos e meio em prisão domiciliar.