No início do mês, em meio a um dos processos mais fraudulentos da História, o maior líder popular do país foi preso. Embora setores da esquerda depositassem esperanças nas “instituições” – isto é, nas mesmas “instituições” que executaram um golpe de Estado -, ficou cabalmente comprovado que a burguesia não está disposta a conceder alguma coisa aos trabalhadores.
O único momento em que houve alguma perspectiva de vitória dos trabalhadores foi quando estes resistiram no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e não deixaram o ex-presidente Lula ser preso durante cerca de 24 horas. Ou seja, o exemplo de São Bernardo mostrou que a única saída para reverter o cenário tenebroso que os golpistas provocaram é a mobilização revolucionária dos trabalhadores, e não o oportunismo eleitoreiro, a demagogia parlamentar ou os cochavos no STF.
Embora cada vez fique mais claro que as eleições não são solução de nada – pelo contrário, elas são um jogo controlado pelos golpistas -, setores da esquerda insistem em abrir mão da luta política para tentar barganhar um cargo no Regime Político. O PSOL, que não lutou contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, nem tampouco contra a prisão de Lula, é, certamente, o melhor exemplo disso.
Em Recife, o vereador do PSOL Ivan Moraes, que também não moveu uma palha para impedir a prisão de Lula, demonstra viver em um outro país – um país sem golpe. Uma rápida olhada em seu perfil no Twitter é suficiente para qualquer um ficar atônito.
No dia 5 de abril, algumas horas antes do Mussolini de Maringá decretar a prisão de Lula, o vereador postou: “o que VOCÊ está disposto a fazer (ou deixar de fazer) pra acabar com a corrupção no Brasil?”. Ou seja, no dia do maior feito da “luta contra a corrupção”, o vereador estava apoiando ela.
Quando soube da determinação de Moro, o vereador não convocou para São Bernardo. Ao invés disso, Ivan disse se fosse ele comeria “um pão doce com caldo de cana de boas e ia para cas
No dia 16 de abril, o vereador publicou uma carta chamada “Porque serei candidato a deputado federal”. Nesse documento, Ivan Moraes não fala em golpe. Fala como se fosse haver eleições minimamente democráticas, como se um “mandato” fosse solução para qualquer problema no país. No fim da carta, Ivan Moraes ainda diz que seus eleitores não precisam esperar agosto para começar a campanha eleitoral – eles já podem se engajar desde já.
Ivan Moraes, desse modo, não colabora minimamente com a luta contra o golpe. Seguindo fielmente a linha de seu partido, Ivan Moraes é apenas mais um carreirista a serviço da burguesia.