Mais um entusiasmo tomou conta da esquerda brasileira, no último sábado (29/9), dia de atos em todo Brasil e também no Exterior contra a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL). Denominado de #EleNão, o movimento reuniu praticamente todos os partidos da esquerda e setores golpistas sob um suposto “combate ao fascismo”.
O movimento é apresentado como espontâneo, surgido nas redes sociais há poucos dias, idealizado por uma publicitária sem histórico de luta antifascista. Entretanto, fato é que houve uma intensa campanha do imperialismo para enfraquecer a candidatura de Bolsonaro, como ficou visível pela revista The Economist. No Brasil, o movimento foi impulsionado por agentes tão fascistas quanto a revista Veja, a jornalista Rachel Scheherazade, o jurista do impeachment Miguel Reale Jr. e o próprio candidato Geraldo Alckmin, conhecido por comandar a Polícia Militar mais mortífera do País.
O viés “suprapartidário” do movimento, no fim de semana que seria de intenso trabalho eleitoral, não é em nome de uma “frente ampla” antifascista, mas uma tentativa de dispersar a atenção do povo para longe dos partidos populares, que estariam ganhando as ruas naquele dia, com suas bandeiras e candidaturas.
Trata-se de uma manobra eleitoral para colocar Alckmin no segundo turno. Ela tem um duplo objetivo de enfraquecer Bolsonaro e dispersar os atos petistas, como os Lulaços e a campanha de Haddad. No dia seguinte, a porta-voz burguesa Folha de S. Paulo já mostrava como o #EleNão seria usado para golpear a candidatura do PT.
O medo é o recurso dos grandes capitalistas para manipular a pequena burguesia e fazê-la trabalhar a seu favor. De um lado, alimentam o “medo comunista”, para jogar setores com tendências reacionários contra organizações populares. Mas se uma liderança fascistoide como Bolsonaro cresce muito, os mesmos capitalistas jogam os setores “democráticos” contra sua possível candidatura.
Não adianta dar as mãos aos principais inimigos dos trabalhadores, ou seja, os grandes capitalistas, sob o pretexto de lutar contra um dos seus espantalhos, mesmo que seja um ser tão detestável quanto Jair Bolsonaro. Se amanhã os capitalistas quiserem, voltarão a promover os grupos fascistoides para atacar os movimentos populares.
Não se engane, trabalhador, com atos “espontâneos” amplamente noticiados pela mídia golpista. O fascismo é um recurso da burguesia e se juntar a ela em atos eleitorais só a torna ainda mais forte. O combate ao fascismo se faz com a organização dos movimentos populares, com lutas reais por direitos, obrigando esta mesma burguesia a recuar, até sua derrota definitiva.