Há pouco menos que quatro anos, o ex-governador de Pernambuco, então presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e candidato a presidente da República Eduardo Campos foi morto com a queda do avião em que viajava. De maneira muito oportuna para vários setores da burguesia, a morte de Eduardo Campos esfacelou o PSB, permitindo que uma ala mais direitista tomasse conta do partido.
A candidatura de Eduardo Campos, após sua morte, foi substituída pela candidatura de Marina Silva. Embora muitas vezes desprezada e ridicularizada pela própria imprensa golpista, Marina Silva se tornou, desde aquela época, um dos principais ícones da direita mais pró-imperialista: a direita defensora ferrenha da Operação Lava Jato.
Quedas de avião envolvendo políticos sempre são muito suspeitas. A morte do ministro Teori Zavascki, por exemplo, deu origem a uma série de teorias envolvendo setores da burguesia. A morte de Campos, ainda mais em um cenário que beneficiou a direita, não poderia ser vista com naturalidade.
Recentemente, o irmão de Eduardo Campos, Antônio Campos, protocolou uma petição apresentando suspeitas de que o avião em que estava o presidenciável teria sido sabotado. Apontando várias questões técnicas, Antônio Campos solicitou mais celeridade nas investigações e alegou que os dados levantados poderiam caracterizar uma situação de “sabotagem e homicídio culposo ou doloso”.
A petição de Antônio Campos, no entanto, não tem nada de comovente. Não se trata de alguém querendo solucionar a morte de seu irmão. A petição é o próprio resultado da crise gerada no PSB após sua morte. Como um típico político burguês, Antônio Campos age por interesses: após se frustar em um candidatura à prefeitura de Olinda, Antônio Campos brigou com Renata Campos, viúva de Eduardo Campos, e se voltou contra parte significativa do PSB. Não é à toa, por exemplo, que o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, a quem Antônio Campos faz oposição, fez questão de afirmar, recentemente, que não houve sabotagem no avião.
Deste modo, a petição não apresenta nenhuma novidade no caso da morte de Eduardo Campos, mas apenas demonstra que a crise do PSB após o golpe de Estado continua. Diante das contradições do golpe, os diversos setores da burguesia ainda não conseguiram chegar a um acordo de como deve ser o regime político, o que tem levado os partidos burgueses a se fracionarem. Por isso, a única alternativa real para a classe trabalhadora só pode ser a construção de um partido verdadeiramente operário, capaz de dar uma perspectiva de luta para os trabalhadores e de ir, até as últimas consequências, para o confronto com os golpistas.