Em recente entrevista à TV Senado o senador Renan Calheiros, ex-presidente da casa, admitiu o que não é reconhecido apenas pela esquerda pequeno-burguesa, o governo Temer é um zero à esquerda.
Diante das ameaças do Comandante do Exército, general Villas Boas, ao Supremo Tribunal Federal às vésperas da votação do habeas corpus do ex-presidente Lula, Calheiros afirmou que o presidente da República deveria “ter substituído o comandante do Exército”.
O senador tem razão. Tivesse o governo golpista de Temer minimamente controle do país, não apenas Villas Bôas como vários outros generais do Exército que se manifestaram publicamente com ameaças de uma intervenção militar caso “as autoridades” não se colocassem de acordo com o que pregam os militares diante da crise política do país.
A declaração de Villas Bôas foi a senha que faltava para que os meios de comunicação golpistas acentuassem a campanha em torno da negação pelo STF do habeas corpus à Lula, chegando a ser reproduzida pelo Jornal Nacional da TV Globo no dia anterior à votação.
A questão levantada por Calheiros aponta justamente para a realidade: Temer não é o comandante supremo das Forças Armadas, mas uma simples refém do setor fundamental das FAs, o Exército, que por sua vez responde diretamente ao setor fundamental dos golpistas, o imperialismo norte-americano e o grande capital nacional a ele atrelado.
Uma conclusão que necessariamente se depreende da impotência do governo golpista de plantão é a de que as FAs estão tomando de conta do governo federal. Nesse sentido, a intervenção no Estado do Rio de Janeiro foi uma imposição dos militares e não uma “jogada eleitoral” de Temer (e até do Pezão, imaginem), como quiseram fazer crer vários setores da esquerda brasileira e até internacional.
Deve servir ainda de alerta para todos os setores que lutam contra o golpe, os elogios de Temer às Forças Armadas na apresentação dos oficiais-generais promovidos em cerimônia no Planalto. A depender do golpista Temer, os militares têm o caminho livre para um golpe dentro do golpe.