Desde a última terça-feira acentuou-se a intervenção do Exército na greve dos caminhoneiros com o desbloqueio de piquetes e, inclusive, com a expulsão dos caminhoneiros doa acostamentos das rodovias.
Para os golpistas a repressão da greve é condição fundamental a fim de evitar uma possível unidade com os petroleiros, que iniciaram nesta quarta-feira uma paralisação de 72 horas. Tudo o que a direita quer evitar é que uma intervenção decidida por parte do movimento operário se transforme em um polo de aglutinação de todo o movimento de greves e protestos em curso no país.
A greve dos caminhoneiros demonstrou de forma cabal a profunda debilidade do governo golpista. Essa condição leva para a cena política duas possibilidades. Do ponto de vista do próprio golpe, a necessidade de depor o governo Temer na tentativa de estacar a crise em que se encontra o golpe de Estado e, inclusive, se antecipar à tendência crescente às greves e mobilizações operárias, que podem levar a uma derrota definitiva do golpe. É nesse contexto, que um golpe militar dentro do golpe de Estado ganha cada vez mais força entre os patrocinadores do golpe. Nesse sentido, o posicionamento do Exército nas principais rodovias do país, vai muito mais além do que a simples repressão à greve dos caminhoneiros.
Uma segunda possibilidade que se coloca no atual quadro de desintegração do governo golpista de Temer é uma decidida política por parte das direções operárias, em particular a Cut, no sentido de chamar a greve geral no país com uma pauta que, entre outros pontos, defenda o Fora Temer, pela revogação de todas as medidas do golpe, pela liberdade de todos os presos políticos e pela anulação do impeachment. A base para a construção da greve geral está dada, conforme foi demonstrado pela própria greve dos caminhoneiros.
Será o resultado da luta contra os golpistas que definirá os acontecimentos para o próximo período. Se dúvidas que a derrubada de Temer por ação dos próprios golpistas terá um desdobramento. Já a sua derrubada por ação de uma intervenção de uma grande mobilização popular, por um greve geral, abrirá caminho para a derrota definitiva do golpe.