Há hoje, no Brasil, cerca de 17, 6 milhões de estudantes com possibilidades de estagiar, seja no ensino médio, técnico ou nível superior. Com a crise econômica, a retração do mercado interno, recessão, etc., causados pelo programa econômico do golpe, apenas 1 milhão daqueles estão trabalhando como estagiários hoje. Ou seja, mais de 90% dos estudante ficam de fora de um programa importante, tanto para o estudante, que as sob condições corretas, permite conciliar experiência profissional, renda, ainda que pouca, e estudo, quanto para o país, com a entrada de enorme contingente de força de trabalho e com grande quantidade de renda a mais circulando, que aquece o mercado interno.
No entanto, no Brasil do golpe, economia nacional; o mercado de trabalho, não consegue absorver, por meio do estágio, porta de entrada mais adequada ao referido mercado, nem mesmo 10% dos jovens brasileiros, como aliás também tem dificuldade de absorver por qualquer outro meio. Pesquisa recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra 40,1% dos brasileiros entre 14 e 24 anos não trabalham, estão fora do mercado de trabalho e em grande medida do mercado consumidor.
O caso do ensino superior é um exemplo, tradicionalmente este nicho da política de estágios atrai mais as empresas na busca de novos funcionários, por se tratar de profissionais em vias de formação e maiores de idade, porém, dos 8 milhões de estudantes universitários do país, somente 740.000 estão em programas de estágio, menos de 10%.
Há 10 anos da aprovação da lei de Estágio, que regula esta relação trabalhista, este mercado vem diminuindo, as empresas encolheram drasticamente seus programas e de outro lado tendem a retroceder as relações trabalhistas para as anteriores a aprovação da lei, quer dizer, eliminar os direitos e as garantias que os estagiários conquistaram.
Como, por exemplo, a remuneração, a quantidade de horas (06 horas) e o período de contrato, que hoje é de até dois anos, sem renovação. Logicamente, que com a destruição da CLT, com a terceirização etc., a política de estágios não serve à burguesia golpista, a não ser sob condições extremamente penosas para os jovens.
A tendência da política golpista é restringir este mercado ao estritamente necessário, levando em consideração o novo patamar, mais baixo, da atividade econômica interna e ao mesmo tempo transformar esta relação empregatícia novamente em uma autorização para a superexploração de jovens em busca do, muitas vezes, primeiro emprego.