Desde o início do golpe de Estado, duramente mesmo o julgamento do Mensalão, os militares estavam todos animados com a caça às bruxas contra o Partido dos Trabalhadores. A situação se desenvolveu até a deposição de Dilma Rousseff, que também contou com o apoio dos militares para sua queda. Michel Temer “assume”, e indica quase uma dezena de militares para compor sua equipe de governo. Até a Casa Civil foi assumida por militares.
De tal sorte que Temer resolve intervir militarmente no Rio de Janeiro, para, supostamente, combater o crime organizado. Mas a ordem, na verdade, foi ao contrário, os militares resolveram intervir e mandaram Temer tomar a decisão burocrática, administrativa, de intervir no Rio e inaugurar uma nova fase de repressão contra o povo negro e pobre daquele estado. Era uma experiência, um ensaio do que poderia e pode acontecer no Brasil inteiro.
Da intervenção decorre a morte da vereadora do PSOL, negra, Marielle, executada pelas forças de repressão, em crime até agora encoberto pelos militares, do mesmo jeito que acontecia na Ditadura Militar. A morte dela se somou a outras dezenas de assassinados pela intervenção, e aos milhares de mortos pelas forças regulares de repressão no Rio de Janeiro.
Lula é preso, militares, que desde os anos 1980 estavam mal resolvidos com Lula, fazem festa para mais uma alma levada para os depósitos humanos que são as prisões brasileiras. É possível que os militares não gostem de ver pessoas presas, eles preferem mortas.
No 1º turno das eleições, essa invasão militar no regime político resulta na “eleição” de mais de 70 militares e outros agentes dos órgãos de repressão para postos no Legislativo nacional. Bancada que deve facilitar a aprovação da redução da maioridade penal, privatização dos presídios, endurecimento das penas, e, quem sabe, até legalizar a pena de morte, já praticada ilegalmente pela Polícia Militar de cada estado federativo.
Por fim, vem o anúncio da “equipe” de governo de Bolsonaro, possível eleito, ou a tropa de governo. São militares que devem ocupar as mais variadas áreas do Poder Executivo nacional, deixando o regime mais parecido com os anos de chumbo. Um golpe dentro da eleição, a volta dos militares no controle de tudo. Se avizinha um regime de banho de sangue contra o povo negro e pobre brasileiro, o regime de terror contra o povo, o regime das botas, fuzis, capacetes.
Tudo isso coloca em questão a necessidade do movimento negro se reorganizar em torno de suas reivindicações mais fundamentais, como o direito a autodefesa, ao armamento e, da mesma forma, o direito à organização política, que será atacada pelos militares, como já anunciaram. Mais imediatamente, lutar contra o golpe de Estado e pela liberdade de Lula.