Nos primeiros dias da intervenção militar no Rio de Janeiro, o general Eduardo Villas Bôas afirmou que estava disposto a intervir no Estado, contanto que o governo garantisse instrumentos legais que impedissem a criação de comissões da verdade para investigar as ações dos militares, como a que foi criada para apurar o desaparecimento e morte de militantes da esquerda durante o regime militar (1964-1985).
Villas Bôas afirmou que os “militares precisam ter garantia para agir sem o risco de surgir uma nova Comissão da Verdade”, em reunião com o Conselho da República, em fevereiro deste ano. A ideia do comandante do Exército é que os militares ficassem à vontade para matar quem quer que fosse, sem que disso resultasse alguma investigação.
A despeito dessa política, organizações populares e movimentos sociais resolveram lançar uma Comissão Popular da Verdade, justamente para investigar a ação dos militares no Rio de Janeiro, responsáveis por dezenas de homicídios nas incursões do Exército nas favelas nos últimos anos.
Uma das integrantes da comissão é a advogada Nadine Borges, que fez parte da Comissão Estadual da Verdade, como resultado de determinação legal, e teve seu relatório final publicado ao final do ano de 2015, contendo uma série de graves denúncias da ação dos militares durante a ditadura.
“A comissão se fará presente e estará acessível, o que é muito importante. Muitas vezes, a população não sabe onde denunciar e nem a quem recorrer”, afirmou à Agência Brasil, Kátia Lopes, da Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (Faferj).
A criação da comissão é um ponto positivo na luta contra a intervenção militar no Rio de Janeiro. É preciso criar, também, comitês de luta contra o golpe de Estado e pela libertação imediata de Lula. O ex-presidente foi preso como parte do mesmo plano de colocar não só o Rio mas todo o Brasil sob o comando dos militares assassinos, dos golpistas.