O Ministério da Educação desde o início do governo golpista de Bolsonaro vem intervindo na autonomia das instituições tanto de ensino superior quanto básico, como faziam os militares fascistas durante a ditadura, escolhendo reitores direitistas aliados do governo e passando por cima dos processos democráticos. O último caso começou no mês de abril de 2020 em que o IFRN sofreu uma intervenção do MEC que escolheu como reitor professor direitista filiado ao PSL que nem sequer concorreu às eleições. Se começou uma disputa jurídica acerca do caso e no dia 6 de maio o TRF5 acatou a intervenção.
Desde o princípio os estudantes ficaram revoltados com o ocorrido e demonstraram uma tendência a luta mas, na atual situação da crise de saúde causada pelo Covid-19, é necessário uma maior organização para se realizar uma mobilização, o que significa uma participação mais forte das organizações do movimento estudantil. Enquanto isso a UBES, União Nacional dos Estudantes Brasileiros, segue sua política de atuação de baixa intensidade na internet e nas janelas, com esperanças de que o judiciário que deu o golpe de 2016 e de fato elegeu Bolsonaro tome uma posição em defesa dos estudantes e não da burguesia.
Tanto a UBES quanto a UNE assistem quase parados os pequenos confrontos do governo Bolsonaro, com alguns setores do judiciário e do congresso nacional, tomando o lado da burguesia que está se opondo a Bolsonaro, mas que em termos políticos é igual ao presidente golpista. Eles pensam estar se inserindo a luta a partir do judiciário sem perceber que dentro da política da burguesia, isto é, das instituições do judiciário e executivo golpistas, não há espaço real para uma organização popular como é a do movimento estudantil. No atual governo só há lugar para a esquerda nas ruas, nos bairros, nas escolas, nas universidades e nas fábricas, é lá que ela deve lutar e se organizar.
O dever das organizações populares, incluindo a UBES e a UNE, é parar de assistir às manobras do judiciário e tomar uma iniciativa política, é mobilizar os estudantes que estão sendo atacados por todos os lados, com EAD, cortes de bolsas, pagamento do fies, de mensalidades, não adiamento do ENEM etc, ou seja, é um momento de alta tendência a mobilização. Apenas o Covid-19 é um obstáculo, mas a cada dia que passa há diversos exemplos ao redor do mundo mostrando que é possível lutar, com todas as medidas de saúde necessárias tomadas, e por isso, a intensa participação das organizações tradicionais dos estudantes se torna ainda mais importante.