Uma análise dos três anos de golpe – por mais sucinta que seja, é capaz de revelar a natureza e os avanços sucessivos dos golpistas no Estado, colocando em prática uma política de terra arrasada iniciada em 2016 – com a derrubada da presidenta Dilma Rousseff, e que hoje sem mantém em ritmo acelerado com a eleição fraudulenta de Jair Bolsonaro (PSL). Michel Temer (MDB), por sua vez, deu início ao plano neoliberal e, sobretudo, à destruição dos direitos trabalhistas e à intensificação da super-exploração da classe trabalhadora. Por conseguinte, com a eleição fraudulenta do fascista Jair Bolsonaro, revela-se não só uma sequência do governo golpista de Temer – mas o seu agravamento em ritmo acelerado.
No decurso do golpe a intensificação dos ataques contra a população só vem aumentando: as reformas da previdência e trabalhista, a aprovação do teto de gastos, entre outras medidas cujo conteúdo configura um ataque sem precedente aos direitos dos trabalhadores, tem servido sendo como a base de sustentação para a – completa liquidação da classe trabalhadora; isso tudo com total apoio das Forças Armadas que, em “toda e qualquer hipótese de desordem” colocaram-se em prontidão para defender as investidas reacionárias do governo golpista.
O genocídio praticado pelas forças repressivas do Estado contra os indígenas, quilombolas e trabalhadores sem terra atingiram um patamar nunca ante alcançado. Os latifundiários, que fazem parte da base eleitoral de Bolsonaro, estão aproveitando todo o aparato dos golpistas para avançar contra as populações indefesas que lutam pela terra; assim como a intimidação das organizações operárias, como a invasão de reuniões sindicais, plenárias etc. Quando o assunto é educação, a militarização das escolas dá mostras fidedignas do caráter autoritário e despótico do governo, que não esconde a intenção de destruir a liberdade de pensamento, as liberdades democráticas e o ensino público. Basta pegar as inúmeras intervenções ante a eleição de reitores nas universidades públicas, onde, por diversas vezes, o rito eleitoral acadêmico foi atropelado pela política de fascistização do ensino público. Trata-se, portanto, de uma escalada abertamente fascista.
Atacando por todos os flancos, o governo golpista caminha a passos largos na destruição dos direitos da classe trabalhadora – conquistados através de duras batalhas. Aprovada esse mês, pelo congresso, a medida provisória da “Liberdade” Econômica, também chamada de minirreforma trabalhista, libera a exploração desmedida, permitindo – amplamente – trabalho aos domingos e os bancos aos sábados. Noticiado ontem (30) pelo jornal Folha de S.Paulo, a intenção do governo seria finalizar a reforma de Temer, ou seja, alterar as normas de segurança e saúde no trabalho, além de “desatar as amarras” e decretar o fim da unicidade sindical. Segundo dados do IBGE, cerca de 12,6 milhões ainda buscam trabalho, sendo que o número de trabalhadores subocupados e por conta própria cresceu e mais de 28 milhões estão subutilizados – o que revela o aprofundamento da crise. Em contrapartida, os veículos de comunicação da burguesia fazem manipulação dos dados: ora manipulando os números de desempregados (com carteira assinada e assegurados pelo que ainda resta das leis trabalhistas), ora utilizando números de trabalhos informais – quando não alijados de qualquer proteção legal (aproveitando a informalidade e a precarização das condições de trabalho).
Dadas a sequência de ataques por parte dos golpistas, é imperativo destacar o caráter capitulador de boa parte dos setores de esquerda – ancorados nos métodos institucionais e na política de frente ampla (atrelando-se à partidos golpistas como o PSDB). É preciso, porém, denunciar que esta política é liquidacionista, visto que procura molhar a pólvora da classe trabalhadora, a qual tem revelado uma tendencia em lançar uma ofensiva contra os golpistas através da mobilização popular.