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Vendendo-se para a direita

Tanto a luz como as trevas garantirão a pauta neoliberal

Enquanto a esquerda defende pautas morais abstratas como "democracia" ou "luz", a burguesia articula por seus interesses

Em manifesto assinado por todos os partidos do bloco de Rodrigo Maia na eleição para a presidência da Câmara dos deputados, os representantes dos partidos, entre eles os de esquerda PT e PC do B, que irão apoiar o candidato Baleia Rossi (MDB), dizem que sua candidatura seria a “luz”, que se colocará em oposição às “trevas”, representadas por Arthur Lira, candidato defendido por Bolsonaro para o cargo.

O texto do manifesto é todo repleto desses clichês e de um cinismo sem precedentes. Dizem que a Câmara dos Deputados seria a “fortaleza da democracia no Brasil” e que “Enquanto uns cultivam o sonho torpe do autoritarismo, nós fazemos a vigília da liberdade”. Nem parece que foi essa instituição que votou o impeachment da presidenta Dilma, eleita com os votos de mais de 40 milhões de brasileiros e sem que houvesse uma única prova de crime por ela cometido, em uma sessão grotesca que entrou para a história do País pelo absurdo ali encenado. Foi nesta casa em que foi realizado um dos principais episódios do golpe de estado no Brasil.

Foi também na “fortaleza da democracia no Brasil” que se aprovaram diversas medidas criminosas contra o povo brasileiro, como o teto de gastos, a reforma da previdência, a reforma trabalhista, entre outras muitas que, inclusive, precedem o governo das “trevas” de Bolsonaro.

Em um período mais recente, foi a Câmara dos deputados, em plena “vigília da liberdade”, que votou e aprovou todos os ataques do bolsonarismo contra a população, como a aprovação das demissões em plena pandemia, o valor irrisório do auxílio emergencial e o contrato de trabalho “verde e amarelo”. Isso sem falar nas reduções do salário ali aprovadas, no uso do FUNDEB para escolas privadas e nos diversos ataques à saúde pública em plena pandemia.

E votando a favor e possibilitando a implantação de todos estes ataques, estava o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) e o bloco de partidos que o apóia. Os deputados do MDB, PSDB, DEM, Cidadania, todos votaram a favor do golpe de Estado, a favor do teto de gastos, dos ataques aos trabalhadores e tudo que foi citado anteriormente. O candidato atual do bloco à presidência da Câmara, Baleia Rossi, votou junto com o governo Bolsonaro em 90% dos seus projetos. Chamar estes partidos de “oposição” é uma verdadeira farsa, que irá gerar muita confusão para a população. O próprio candidato apoiado por Bolsonaro, Arthur Lira, votou 88% das vezes junto com o governo, menos que o candidato “oposicionista”.

A entrada da esquerda neste bloco se constitui em uma das maiores capitulações e alinhamentos com o golpe de Estado no último período. Particularmente para o PT, é muito desmoralizante, visto que são os partidos que derrubaram Dilma Rousseff. Tudo isso com a justificativa através de argumentos abstratos como a luta da “luz” contra as trevas.

A burguesia, por outro lado, não está nada interessada em questões morais secundárias e já se programa para pressionar o Congresso no sentido de votar a favor de seus interesses. Em matéria do Estadão, é dado o tom do próximo ano, a principal tarefa de Paulo Guedes seria a de “convencer o Congresso a aprovar reformas estruturais antes de as eleições de 2022 contaminarem de vez o ambiente político”. O ambiente político “contaminado” pelas eleições seria o momento em que o povo passa a prestar mais atenção na política e a pressionar seus supostos representantes a votar contra as medidas que atentam contra suas condições de vida.

Entre as medidas consideradas fundamentais pela burguesia para serem aprovadas pelo Congresso (seja ele “iluminado” ou “sombrio”) estão mais cortes de gastos em obras ou em despesas causadas pelas necessidades da população. Fala-se sobre as PECs emergencial e do pacto federativo, cujas principais medidas seriam redução de jornada de trabalho com redução de salários de servidores públicos, proibição de reajustes salariais para estes mesmos servidores e da progressão automática, entre outros ataques à categoria.

Na matéria do Estadão, são também citadas as exigências para “reformas tributárias” e “administrativas” (que envolve diminuição da contratação e aumento da demissão de servidores públicos) e também as privatizações de estatais, o que todos sabem que se trata da entrega de empresas pertencentes ao povo brasileiro ao setor privado.

A burguesia já está articulando para que o Congresso aprove as medidas que são importantes para ela, sob a justificativa de tornar o ambiente mais favorável para “investidores”. Do seu ponto de vista, os ataques realizados contra os trabalhadores desde o período do governo Temer ainda não foram suficientes e precisam se aprofundar, a fim de que os capitalistas consigam conter as consequências da crise econômica para eles.

Apenas a esquerda nacional não percebe que toda essa articulação está sendo feita com todos os setores da direita tradicional, estejam eles aliados com a “Luz” ou com as “trevas” da Câmara dos Deputados. A burguesia sabe muito bem o que quer e já articula com os dois candidatos, de modo que só irá permitir a vitória daquele que estiver totalmente de acordo com as pautas que ela quiser ver aprovadas no próximo período. Enquanto a esquerda se vende para a direita em troco de um cargo no Congresso, negociando todos os seus princípios, os capitalistas já têm muito definido o que querem e é claramente de muito maior valia do que qualquer abstração moral que a esquerda esteja afirmando defender.

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