O fascista ilegítimo Jair Bolsonaro representa, além da burguesia, um setor da pequena-burguesia inconformado com direitos conquistados por uma parcela tradicionalmente marginalizada da população nas últimas décadas. Entre eles, está o reconhecimento de áreas quilombolas urbanas e rurais.
Descendentes de negros, roubados da África para trabalharem em solo brasileiro, os escravos que enriqueceram fazendeiros durante 350 anos foram deixados sem qualquer posse ou terra, depois de libertos. O direito a demarcação territorial foi conquistado gradativamente, durante mais de um século de lutas. É esse direito, ainda que limitado, que os bolsonaristas querem reverter.
Exemplo recente ocorre em Porto Alegre, onde o presidente do Asilo Padre Cacique, Edson Brozoza, quer expulsar comunidade que, há 60 anos, reside nos fundos do terreno. A área é reconhecida como quilombola, com aproximadamente 60 pessoas, descendentes diretos de negros que trabalharam a vida toda para o asilo. Isso não impediu que, nesta quarta-feira (07), oficial de justiça acompanhado pelo batalhão de choque e escavadeiras chegassem ao quilombo, exigindo que os moradores deixassem o lugar em 30 minutos.
Esta é a truculência habitual com a qual proprietários movidos por interesses imobiliários expulsam famílias de seus pequenos pedaços de terra. A tentativa de reintegração sequer seguiu protocolos legais, como intimar o representante do quilombo, entrar em acordo quanto a prazos para desocupação, ou levar policiais devidamente identificados, demonstrando o quanto Justiça e Polícia brasileiras são corporações que operam por fora da Lei (que já busca garantir os interesses da burguesia, a quem a Justiça e a Polícia servem).
Em entrevista à imprensa, Brozoza demonstrou sua inconformação com estes pequenos direitos do povo afrodescendente. Para ele, não se tratam de remanescentes de escravos despejados em solo brasileiro, sem direitos nem condições mínimas de sobrevivência. Em seu discurso racista, os equiparou a bandidos, marginais, invasores, e enfatizou que Bolsonaro irá “acabar com essa palhaçada”.
Negros e quilombolas precisam se organizar em comitês de luta contra o golpe, para resistir aos ataques da extrema-direita.