Plenária realizada no Sindicato do Químicos de São Paulo, no bairro da Liberdade, nessa terça (04), reuniu cerca de 300 representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), de alguns dos seus principais sindicatos (APEOESP, Metalúrgicos do ABC, Bancários/SP, Químicos, Petroleiros etc.), das demais “centrais”, da Frente Brasil Popular (FBP), que além da CUT reúne importantes organizações nacionais das lutas populares (como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST – e a Central de Movimentos Populares – CMP) e partidos de esquerda (PT, PCdoB e PCO).
Convocada para tratar da mobilização para o dia 14 de junho, “greve geral”, a Plenária foi dedicada em sua maio parte aos informes da situação nas principais categorias sindicais. O presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, iniciou os trabalhos apresentando os informes sobre a expectativa de paralisação de alguns dos principais ramos da CUT, destacando a tendência a uma grande paralisação nos transportes, na Educação (que estimou chegar a 95% das escolas), dos Metalúrgicos, dos Bancários, dos Servidores Públicos, entres outros.
Vários sindicalistas interviram destacando o crescimento da mobilização em torno da greve, que vem sendo aprovada em um grande numero de assembléias, como a dos motoristas de São Paulo.
Um as aspecto importante é que a Plenária e a mobilização de conjunto refletem a pressão que vem dos trabalhadores e das últimas mobilizações no sentido da luta contra toda a reforma da Previdência, e não a favor de uma negociação em torno da redução do seu alcance como defendem setores reacionários do movimento sindical e político, como o deputado “Paulinho da Força” (presidente licenciado da Força Sindical) e setores da direita do PT e o PCdoB (governadores e outros) que querem aprovar a reforma, “sob condições”.
Embora a maioria das intervenções tenham se concentrado nas atividades práticas da mobilização e na defesa da luta contra a reforma, várias intervenções abordaram a necessidade de que a mobilização e o movimento tenham um eixo político, questão em torno da qual se confrontaram duas posições principais.
Frente com golpistas ou “Fora Bolsonaro””
Por um lado o PCdoB, representados pelos sindicalistas da CTB e dirigentes estudantis, reafirmaram a defesa de uma frente ampla, ou seja, de uma aliança com setores da burguesia golpistas para supostamente encontrar uma saída para a grave crise do País e defender sua “soberania”. De forma concreta, isso significaria se juntar (como já vem acontecendo da parte desses setores) com setores golpistas e até da direita (como Rodrigo Maia, do DEM, FHC e outros dirigentes do PSDB) e outros setores que apoiaram o golpe e todo tipo de ataque contra os trabalhadores (“reforma” trabalhista, PEC 95 etc.), bem como a abutres que posam de “esquerdistas”(como Ciro Gomes, PDT e setores do PSB), que também votaram pela derrubada de Dilma, apoiaram ataques de Temer e até comemoraram a condenação fraudulenta e prisão ilegal de Lula, para encontrar uma saída comum.
Por outro lado, algumas intervenções deram destaque à necessidade de uma política que expresse o sentimento que vem das ruas, das mobilizações gigantescas dos últimos dias 15 e 30, nas quais a imensa maioria dos trabalhadores e estudantes, assumiram como bandeira a defesa da derrubada do governo, “fora Bolsonaro”, e da liberdade de Lula, ‘Lula livre”.
O dirigente da Central de Movimentos Populares, Raimundo Bonfim, defendeu a adoção da palavra-de-ordem, Mobilização derruba capitão; greve-geral, derruba general”, para expressar a necessidade de por abaixo o governo Bolsonaro e todo o governo golpista. O dirigente do PCO, Antônio Carlos, interveio, destacando que os trabalhadores precisam aprender da sua própria experiência, das derrotas das últimas lutas isoladas (“reforma” trabalhista, PEC 95, “reforma” do ensino médio etc.), apontando a necessidade dos trabalhadores terem uma política própria e ficarem a reboque das alternativas da burguesia diante da crise, apontando a necessidade de luta pela derruba de Bolsonaro e de todos os golpistas, convocar eleições gerais, com Lula em liberdade e Lula candidato. o PCO defendeu também a necessidade de dar continuidade e ampliar a mobilização do dia 14, pois o governo não será derrotado em um único round. Apontou também a necessidade de realização de atos massivos em todo o País, em todas as capitais e nas cidades em que seja possível promover uma mobilização, assinalando que “greve não é folga, é dia de luta e que a hora é de sair às ruas para derrubar Bolsonaro”.
As entidades decidiram ampliar assembleias com as categorias em todo país, organizar plenárias nos bairros e intensificar as ações. Nos dias 6 e 7 haverá panfletagem de materiais e diálogo com a população nas cidades; nos dias 8 e 9, as ações em defesa da aposentadoria serão feitas principalmente nas periferias.
Foi destacado que de 10 a 12 serão coletadas assinaturas para o abaixo-assinado contra a reforma da Previdência, além de distribuição de material. Em 13 de junho, véspera da greve, foi definido um dia de agitação e propaganda no estado de São Paulo como forma de reforçar as paralisações, panfletagens e diálogo com a população.
O companheiro Renam Arruda, dirigente do sindicato dos Bancários do DF e também integrante da direção nacional do PCO, destacou a campanha que o Partido e os Comitês de Luta contra o golpe estão realizando para fortalecer a greve geral, com a publicação de centenas de milhares de panfletos, adesivos, cartazes e a realização de plenárias em todo o País. Em Brasília, por exemplo, o PCO e os Comitês, estão convocando uma ato público para as proximidades da Esplanada, junto ao Terminal Rodoviário, no dia 14 de junho, para o que estão buscando a adesão de todos os sindicatos e setores da esquerda.
Transportes
Também no dia de ontem, estiveram reunidas em São Paulo, entidades representativas dos trabalhadores dos transportes. Elas decidiram aderir à greve geral do dia 14 de junho, com a participação de representantes dos sindicatos dos aeroviários, aeroportuários, portuários, motoristas e cobradores rodoviários, além de metroviários e ferroviários.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, abriu a reunião, reafirmou o papel que a greve tem no momento pelo qual o Brasil passa de recessão econômica, recordes de desempregados e retirada de diretos. Ele também exaltou o papel do pessoal dos transportes para o sucesso das mobilizações e assinalou que “a construção desta greve geral, tem um diferencial que é uma maior politização da sociedade, que acordou para o fato de que esse governo está destruindo o Brasil”.