Make Instagram Instagram again.
Esse foi o slogan (brega) que viralizou nas redes há cerca de um mês, quando os usuários da rede social Instagram receberam a notícia do seu CEO de que a plataforma “viraria um TikTok“. Nas suas palavras, o Instagram está “mudando e evoluindo”, e o algoritmo de tal rede social seria um reflexo direto do comportamento das pessoas.
Por essa lógica, os algoritmos das plataformas seriam “cegos” e reativos, o que é comprovadamente falso, pois sempre que um concorrente inova ou surge com uma nova ferramenta na imprensa, os grandes monopólios de tecnologia copiam e capitalizam em cima dessa ideia até uma outra ideia ainda mais lucrativa surgir no lugar da anterior. É importante destacarmos que o objetivo de um algoritmo é, sobretudo e em qualquer rede social, a retenção por mais tempo da atenção do usuário nela, pois assim ele fica mais tempo exposto aos anúncios exibidos pelos patrocinadores.
Em suma, os usuários não usam nada, mas são o produto negociado entre os patrocinadores e as plataformas.
Assustado com o crescimento do TikTok, o Instagram, pertencente ao grupo monopolista META (antigo Facebook), viu-se na necessidade de fazer aquilo que todo bom capitalista faz em nome da livre concorrência: copiar o concorrente. É válido destacar aqui a falácia de que “no capitalismo, boas ideias são premiadas”. Boas ideias são usurpadas por parasitas com dinheiro e influência o suficiente para esmagarem as pessoas criativas, capitalizando em cima das ideias dos outros e vivendo do lucro de produtos e serviços que sequer tiveram alguma participação. Enquanto isso, o “pequeno empreendedor” (leia-se “pessoa explorada comum com um nome gourmet para fingir que é enxergada como gente pelo capitalismo”) segue vivendo de uma cesta básica por ter tido seu tempo investido e sua mão de obra sequestradas – sem direito à resgate
Por sua vez, destaca-se também o fato de que o grupo META jamais aceitaria ficar para trás de uma plataforma chinesa. A campanha contra o algoritmo do TikTok por parte da imprensa capitalista é grotesca, acusando o tico teco de gordofobia, por exemplo, por dar muito espaço para pessoas mais magras, enquanto já foi indicado em pesquisas que o Instagram já cortou alcance de postagens de pessoas negras, por considerá-las mais feias – é uma chuva de identitarismo e demagogia para todos os lados.
Para o movimento das artistas Kylie Jenner e Kim Kardashian, que ajudaram a divulgar o make Instagram Instagram again, a rede social respondeu um singelo: não. Os Reels, vídeos curtos que têm uma semelhança muito grande com o TikTok, serão a prioridade. Fotos terão seu alcance cortado pela compreensão de que atrapalham a visualização da tela na escala 9:16, a qual é aplicada nos vídeos postados na plataforma, e os posts priorizados na timeline, ou seja, na tela de entrada da rede, continuarão sendo os que o algoritmo determinar, em detrimento do pedido das influenciadoras para que o Instagram mostrasse mais publicações dos amigos do usuário e menos do que o algoritmo considera como o “seu gosto”.
Enquanto os internautas pediram em massa pela volta do Instagram como um local de fotos e de contato com os seus amigos, a plataforma mostrou que a “mão invisível do mercado” apalpa muita gente. Quando se trata de algoritmo, a plataforma age, de maneira sempre impopular, em nome do lucro e em cima do lucro, jogando os anseios dos usuários não para o segundo plano, mas para a sarjeta do esquecimento.