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Intriga

PIG tenta colocar Lula contra Dilma para dividir o bloco lulista

Para a direita, é interessante fazer com que Dilma e Lula apareçam como setores opostos.

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O conglomerado da imprensa capitalista nacional, monopólios da comunicação que servem diretamente aos interesses imperialistas, também conhecidos pela alcunha de Partido da Imprensa Golpista (PIG), passaram a reproduzir matérias que mais parecem fofocas onde tentam desesperadamente colocar os ex-presidentes Lula e Dilma um contra o outro com o objetivo de dividir o bloco lulista para as eleições de 2022.

Recentemente, tanto Lula como Dilma deram declarações públicas a respeito de suas eventuais participações em um provável novo governo petista liderado por Lula a partir de 2023. A ex-presidenta Dilma descartou concorrer a qualquer cargo público neste ano, porém afirmou categoricamente que irá defender veementemente seu governo de eventuais ataques durante e depois da campanha eleitoral. E neste ponto a ex-presidenta está corretíssima.

O que fica claro na intenção da direita representado pelo monopólio de imprensa, em especial pelo Grupo Globo, é que além de dividir o PT durante a eleição de outubro, que tem tudo para ser uma das mais encarniçadas da história, o objetivo também passa pela tentativa de afastar Lula de uma política que remeta à defesa do governo de Dilma Rousseff (2010-2016).

A imprensa passou a distorcer as falas de ambos os políticos para dar a entender que Lula e Dilma não conseguem se entender desde o Golpe de Estado de 2016. Isso serve para tentar afastar os dois, uma vez que a imprensa capitalista – tucana até a medula, não deseja que Lula apareça como um defensor de Dilma, que foi golpeada, pois para defendê-la Lula precisa denunciar o golpe e suas consequências.

“O tempo passou. Tem muita gente nova no pedaço. Eu pretendo montar um governo com muita gente nova, importante e com muita experiência. A Dilma, tecnicamente, é uma pessoa inatacável, que tem uma competência extraordinária. Na minha opinião, a companheira Dilma erra na política. Ela não tem a paciência que a política exige que a gente tenha para conversar e atender as pessoas mesmo quando você não gosta que a pessoa está falando. Nisso, cometemos um equívoco pela pressão em cima dela”, teria sido uma das falas de Lula que vacila na defesa da companheira de sigla dando a entender que seu “descenso” recente deu-se por motivos meramente institucionais e não por um interesse real das potências imperialistas nas riquezas nacionais.

A ex-presidenta foi uma das vítimas da Ditatura de 1964, tanto que sua imagem ainda muito jovem depondo para o um tribunal militar viralizou quando fora anunciada a sucessora de Lula nas eleições de 2010.

É preciso recordar também que Dilma foi alvo de espionagem do governo norte-americano comandado por Barack Obama e Joe Biden. O alvo era a Petrobrás e as reservas de petróleo do Pré-Sal, todas entregues aos monopólios do setor depois do Golpe de 2016.

Apagamento de um passado de luta

Para o PIG, atacar a figura de Dilma opondo sua imagem à de Lula de forma que este possa se constranger para defender a companheira de partido, significa também ocultar o passado de resistência da ex-presidenta que iniciou sua atuação política ainda no período em que cursava o antigo colegial, nos primeiros anos da ditadura militar instaurada em 1964.

Nesta época, Dilma aproximou-se do grupo de esquerda Organização Revolucionária Marxista – Política Operária (Polop), que buscava constituir-se como alternativa à linha predominante na esquerda brasileira, representada pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), que apostava numa aliança entre os trabalhadores e a burguesia nacionalista como caminho para a construção da independência econômica e da democracia no Brasil. Enquanto o PCB considerava tal aliança um momento indispensável da luta pelo socialismo, agrupamentos como a Polop e a Ação Popular (AP) a recusavam e afirmavam que o país já estava maduro para a experiência socialista.

Presa em janeiro de 1970 em São Paulo, na onda de repressão às organizações de esquerda desencadeada pela Operação Bandeirante (Oban), Dilma esteve detida nas dependências da 36ª Delegacia de Polícia, sede da Oban, e no Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) de São Paulo. Foi torturada na prisão, o que lhe rendeu sequelas, como uma problema na glândula tireoide. Posteriormente foi condenada e transferida para o Presídio Tiradentes, ainda em São Paulo. Foi solta somente três anos depois ao final de 1972.

Para a direita, portanto é interessante fazer com que Dilma e Lula apareçam como setores opostos, sendo que os dois ex-presidentes são figuras, cada qual à sua maneira, expressivas da luta travada no País contra a repressão militar e a dominação imperialista do Brasil.

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