Entre os dias 12 e 15 de maio está acontecendo, na Capital Federal, o 44º Congresso da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), que conta com a participação de mais de três mil estudantes secundaristas, vindos de várias cidades brasileiras, depois de 5 anos sem que os congressos da juventude secundarista fossem realizados de forma presencial.
O Congresso se dá num período em que setores dos explorados vêm se manifestando radicalmente em defesa das suas reivindicações contra a supressão de conquistas e direitos trabalhistas, que tem sido marcante, como a greve dos Garis no Rio de Janeiro, a greve radicalizada dos operários da Siderúrgica Nacional (CSN), dos professores e servidores federais.
Os sem-serra voltam a ocupar várias áreas em todo o Brasil; setores mais empobrecidos da população já começam a saquear lojas e supermercados graças à fome e ao desemprego a que a maioria da população está submetida. Protestando, contra as medidas de ataque aos trabalhadores e a educação, está marcada já para próxima semana, dia 23, a greve unificadas das categorias do serviço público federal pela reposição das perdas salariais; contra a PEC 32 (Reforma Administrativa); pela revogação do Teto de Gastos, dentre outras medidas do governo golpista Bolsonaro, que visa aprofundar o plano econômico neoliberal cujo o objetivo é reduzir os gastos públicos, para beneficiar meia dúzia de banqueiros e capitalistas nacionais e internacionais em meio a uma crise gigantesca do capitalismo.
Nesse contexto atual de ataque, comparável, apenas, no período da década de 1990 no governo Collor de Mello, que aprofundou a miséria e agravou a crise para a classe trabalhadora e a população em geral. Naquele período vários planos econômicos foram despejados sobre os ombros dos trabalhadores, servido para pretexto deste governo de “resolver” a crise econômica causada por eles próprios. Na verdade, foram planos que, disfarçadamente, serviram como manobras para transferir recursos dos salários e das áreas sociais para banqueiros, latifundiários, grandes capitalistas, inclusive para honrar os compromissos com a dívida externa e interna, havendo uma completa fidelidade do governo para com os capitalistas nacionais e internacionais. Esta política levou a formação de uma legião de dezenas de milhões de indigentes e rebaixando os salários da maioria da população. Foi nesse contexto que o movimento dos estudantes, naquele período, foi de fundamental importância para impulsionar a luta geral dos trabalhadores que, em certo sentido deram início as greves operárias e pela campanha pelo “Fora Collor”. Naquele período, a juventude secundarista saiu às ruas mostrando um claro ascenso do movimento estudantil e foi um espelho dos acontecimentos da década de 1968 quando aconteceram as rebeldias dos estudantes na França, sacudindo o mundo com as revoltas estudantis, greves gerais de trabalhadores, com manifestações, contra a guerra no Vietnã, nos EUA, passeatas gigantescas como as que ocorreram no Brasil contra a ditadura militar, ponta de lança dos movimentos que culminaram com a queda da ditadura dez anos depois.
Esses acontecimentos não deixam dúvida que as mobilizações da juventude são a ponta de lança de uma mobilização mais ampla da classe operária.
O Congresso da Ubes que está acontecendo em Brasília é a primeira reunião nacional da juventude secundarista presencial depois de 5 anos, em meio a diversas mobilizações que estão acontecendo em todo o País contra a militarização das escolas, contra a reforma do ensino médio, contra as mensalidades, contra a destruição do ensino, etc.
Nesse sentido, está colocado para os secundaristas, antes de mais nada, fazer um balanço da UBES, dirigida, majoritariamente pelo PCdoB, que se encontra na mais completa paralisia.
No último período, logo após o golpe de Estado de 2016, na farsa do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, no reacionário Congresso Nacional, a juventude secundarista saiu às ruas mostrando um claro ascenso do movimento estudantil, conforme demonstrado nas ocupações de escolas e protestos contra o fechamento das escolas, o mesmo acontecendo em relação à questão da militarização.
Toda essa tendência de luta dos estudantes foi bloqueada pelas suas direções, que são instrumento da burguesia. No último período a política do PCdoB, que dirige, tanto a UBES, quanto a UNE, colocou em prática, nas manifestações pelo Fora Bolsonaro, a política de Frente Ampla, ou seja, foram a ponta de lança de uma política de acordos com os golpistas, pais do Bolsonaro, com o objetivo exclusivamente eleitoreiros, jogando para o último plano as verdadeiras lutas dos estudantes de da classe trabalhadora. A traição dessas direções chegou ao ponto de se unir ao PSDB, aos algozes dos estudantes, em atos, como foi o 1º de maio de 2021. A direção Da UBES, por exemplo, ficou totalmente a reboque do programa do Bolsonaro, com a defesa do ensino à distancia (EAD), um dos maiores ataques a educação nos últimos tempos.
Para mudar esta situação é necessário que a juventude secundarista, que está participando do 44º Congresso da UBES, tenha uma política de se contrapor à paralisia das suas direções com um plano de luta independente da burguesia e seus governos. Defender a construção de uma nova direção para a UBES, que tenha um verdadeiro programa de luta que tenha como pautas principais, o fim do vestibular, não ao ensino pago, pelo congelamento das mensalidades, contra a militarização das escolas, abaixo o congelamento dos gastos públicos, etc. Lutar por uma UBES democrática com congressos anuais, com delegados eleitos somente pela base na proporção de 500 estudantes para 1 delegado.
Além das pautas de reivindicações fundamentais dos estudantes secundaristas, é necessário aprovar a pauta mais geral da política nacional para dar cabo ao golpe de estado em andamento no País: Fora Bolsonaro e todos os golpistas; Lula Presidente, por um governo dos trabalhadores.