- O imperialismo voltou a realizar uma feroz ofensiva golpista contra o governo do presidente Nicolás Maduro e o regime nacionalista burguês da Venezuela. A diferença, no entanto, é que, desta vez, as possibilidades de uma intervenção estrangeira, de um golpe de Estado ou de uma guerra civil são maiores do que nunca.
- Utilizando como pretexto a posse supostamente ilegítima do segundo mandato de Maduro, o governo dos Estados Unidos não reconheceu o presidente. Como de costume, o imperialismo ordenou a seus fantoches latino-americanos que o seguissem e a Organização dos Estados Americanos (OEA) e o Grupo de Lima também desconheceram Maduro. Nenhum desses países tem a menor autoridade para dizer que Maduro é ilegítimo, uma vez que a maioria deles é governada por presidentes que assumiram após golpes de Estado ou eleições fraudulentas, como é o caso do fascista Jair Bolsonaro. Maduro representa o governo escolhido pelo povo da Venezuela.
- No lugar do governo legítimo de Maduro, o imperialismo anunciou que reconhece instituições golpistas fabricadas e promovidas por ele, e que não têm o mínimo reconhecimento do povo venezuelano. O agente escolhido para representar a “transição” é o deputado Juan Guaidó, do partido de extrema-direita Vontade Popular (VP), que assumiu a presidência da Assembleia Nacional.
- Esta Assembleia não tem direito de existir. O povo venezuelano elegeu em eleições das mais livres já vistas na américa latina, com representantes dos sindicatos e organizações do povo, uma Assembleia Constituinte, esta assembleia é soberana e é o único parlamento do País. A Assembleia Nacional é um fantoche do imperialismo estrangeiro, e, portanto, o presidente “proclamado” por ela, não passa de um golpista a serviço do imperialismo norte-americano..
- Guaidó se autoproclamou presidente da Venezuela nesta quarta-feira (23), sendo “reconhecido” pelo imperialismo e seus capachos como o fraudulento presidente brasileiro. Devido a isso, Maduro anunciou o rompimento de relações diplomáticas com os Estados Unidos.
- Toda a trama da direita golpista vem sendo planejada há tempos. O anúncio de Guaidó se deu no mesmo dia em que a oposição convocou manifestações de sua base pequeno-burguesa e burguesa para pressionar pela queda de Maduro. A intenção, como já havia sido denunciado por coletivos chavistas, é de causar o máximo de violência e caos para jogar a culpa na “repressão” da “ditadura” de Nicolás Maduro. De fato, houve as chamadas “guarimbas” (incêndios e barricadas) e, inclusive, mortes, causadas pelas ações da direita.
- Essa manifestação ocorreu após um início de semana de pequenas manifestações da direita. Na segunda-feira (21), por exemplo, um grupo executou um ataque fascista contra um centro cultural chavista, destruindo sua sede. A direita organiza uma nova tática, que é a de realizar pequenos focos de distúrbio em bairros populares tradicionalmente ligados ao chavismo, com a exata intenção de disseminar a falsa ideia de que as classes populares estariam contra o governo. A direita se obriga a fazer isso porque sabe que não tem apoio popular real das massas venezuelanas, então manobra para criar uma cortina de fumaçA detrás da qual se organiza o golpe de Estado.
- O que acontece na Venezuela, é uma operação clara de golpe de Estado, fascista e contrarrevolucionário. Com o objetivo de instaurar uma ditadura de extrema-direita, fascista e controlada pelos EUA, como é o governo brasileiro.
- Na mesma quarta-feira, foi realizado um ato muito maior por parte das massas populares, em apoio a Maduro, lotando as ruas de Caracas, o povo, inclusive o povo armado, foi às ruas se pronunciar contra o golpe de Estado.
- Esse é o grande fiel da balança na situação política venezuelana. A mobilização revolucionária das massas populares é o fator decisivo para o impasse em que se encontra o país. Mesmo que haja constantes manifestações de massa em apoio ao governo, isso ainda é pouco para derrotar a direita. A classe operária ainda não está em um movimento revolucionário no sentido de um enfrentamento direto, concreto e decisivo contra a burguesia. As direções também não chamam a este enfrentamento.
- Só há uma forma de o chavismo superar a crise gerada pela burguesia e o imperialismo: a classe trabalhadora expropriar os capitalistas. A falta de alimentos, remédios, produtos básicos, a emigração e os principais problemas disseminados pela imprensa burguesa sobre a Venezuela foram causados pela guerra que a burguesia, nacional e estrangeira, impôs ao chavismo para sufocar o movimento revolucionário que começou com a derrota do golpe de 2002.
- A burguesia , aliada do imperialismo na Venezuela, é o grande entrave para o chavismo. A direção burocrática do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) insiste em tentar uma conciliação com os parasitas que boicotam todo o funcionamento econômico do país. É preciso romper essa conciliação, porque a burguesia e o imperialismo já provaram que não admitem mais o nacionalismo burguês no poder.
- Mais ainda: o imperialismo já indicou que quer derrubar Maduro por todos os meios necessários e, em seu lugar, colocar um regime de extrema-direita igual ao de outros países da região que vivenciaram golpes de Estado. No atual cenário geopolítico da luta de classes, a Venezuela, junto com o Brasil (um em cada polo) são as chaves do processo político latino-americano.
- Se a classe operária da Venezuela sair vencedora nessa guerra com o imperialismo, a situação de golpes de Estado e reação pode se inverter e levar o continente para a esquerda. Se for derrotada, abrirá as portas para o completo esmagamento da esquerda na América Latina, incluindo a possibilidade (que será iminente) da queda dos governos de Evo Morales na Bolívia e de Daniel Ortega na Nicarágua, bem como uma ofensiva contra o próprio Estado Operário de Cuba..
- Por isso, está na ordem do dia a expropriação da burguesia venezuelana, para anular a guerra imposta pelos capitalistas e pelo imperialismo. As massas venezuelanas são as mais organizadas da região, com instituições próprias independentes do Estado, que formam o embrião de um estado paralelo, de um estado operário.
- Milhões de trabalhadores venezuelanos estão armados em diversas organizações,ou ao menos têm treinamento militar. As comunas estão espalhadas por todo o país, constituindo uma gigantesca rede de movimentos populares organizados que têm total capacidade para enfrentar, expropriar e derrotar a burguesia e o imperialismo, inclusive militarmente caso haja uma invasão imperialista.
- Eis a chave da situação: os chavistas tem que expropriar a burguesia para frear de forma definitiva o golpe, mas para isso é preciso chamar as massas para a arena política, algo que ele até agora se recusaram a fazer.
- Diante da ofensiva contrarrevolucionária, os trabalhadores devem realizar uma contra-ofensiva revolucionária. Essa é a única solução para a classe operária venezuelana.
- Chamamos a toda a esquerda e aos trabalhadores brasileiros a se mobilizar amplamente em defesa da Venezuela contra o golpe internacional orquestrado pelo imperialismo norte-americano. O destino da Venezuela pesará sobre o destino dos trabalhadores brasileiros diante de Jair Bolsonaro. Derrotar o golpe na Venezuela é derrotar Bolsonaro. Calar-se é apoiar Bolsonaro.