Na reta final da apuração eleitoral na Suécia, ainda paira a indefinição entre qual bloco será vitorioso, mas já é possível apontar quem sai mais forte do pleito. O partido de extrema-direita, Democratas Suecos, criado no final da década de 1980, vem crescendo desde o início da nova etapa da crise capitalista em 2008. Com os resultados já apurados, o partido superou a direita tradicional, representada pelo Partido Moderado.
O declínio do Partido Operário Social Democrata da Suécia também é um dos grandes saldos do pleito do último domingo. Um processo contínuo e gradual de decadência do partido que tem sido o principal porta voz do imperialismo no país desde a década de 1930. Agora, além de correr o iminente risco de ver seu bloco “centro-esquerda” perder por uma margem muito pequena para o bloco “centro-direita”, o partido se vê confrontado com uma oposição de extrema-direita bastante ativa.
Assim como tem ocorrido na maioria dos países do mundo, enquanto a esquerda se perde na loucura identitária e a direita tradicional derrete, a extrema-direita dialoga com os problemas concretos enfrentados pela população. Os Democratas Suecos, por exemplo, criticam abertamente a política migratória do país, com abordagem racista direcionada principalmente aos muçulmanos, e defende um referendo para definir se a Suécia deve permanecer ou não na União Europeia.
Com o enorme fluxo de refugiados da Síria, resultado das aventuras militares do imperialismo norte-americano no Oriente Médio, os trabalhadores suecos se viram disputando empregos com a barata mão de obra dos estrangeiros. Isso foi assimilado por muitos deles como mais um golpe desferido pela União Europeia na população do país. Por mais que a culpa objetivamente não seja dos refugiados, na ausência de outra abordagem concreta para o problema, os trabalhadores ficaram disponíveis para o discurso da extrema-direita nesse tema.
Outro fato importante que impactou negativamente o partido da oposição foi a invasão da Ucrânia em resposta a mais uma incursão do imperialismo norte-americano apoiada pela UE. Em especial, a proposta de adesão do país à Otan para ameaçar militarmente os russos e a crise energética criada pelo próprio embargo imposto à Rússia.
Para o trabalhador sueco, pouco importa se o discurso dos social-democratas soa bem. A política de submissão à UE e, consequentemente, ao imperialismo norte-americano, vem trazendo uma avalanche de problemas para a população do país. Assim como nos demais países europeus, a súbita alta nos preços da energia elétrica significa um enorme desfalque nos orçamentos familiares, especialmente por conta do processo inflacionário que decorre dela.
Os resultados finais serão divulgados ainda nesta quarta-feira (14), pois apesar das urnas eletrônicas serem completa, absoluta e inegavelmente perfeitas, os suecos utilizam o tradicional sistema de cédulas. Mas a tendência já está muito bem desenhada, a esquerda imperialista preparou o terreno para a ascensão da extrema-direita na Suécia e a crise só deve escalar.