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Guerra ou rendição?

China “arregou” ou ainda irá retaliar visita de Pelosi a Taiwan?

Presidenta da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos esteve na ilha, em uma clara provocação contra Pequim

A presidenta da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, a congressista Nancy Pelosi (Partido Democrata), deixou a ilha de Taiwan na noite de ontem (03), em direção à Coreia do Sul, como parte de seu giro pela Ásia.

A visita transformou-se em uma grande crise política internacional entre Washington e Pequim, uma vez que as autoridades chinesas ameaçaram Pelosi para não ir a Taiwan porque isso significaria uma violação da política de “Uma só China”.

Taiwan (ou Formosa) declarou independência da China logo após a fuga do antigo governo do partido nacionalista, o Kuomintang, seus burocratas e militares, liderados por Chiang Kai-Chek, em 1949, depois da tomada do poder em Pequim pelo Partido Comunista de Mao Tsé-Tung, consolidando a Revolução Chinesa. Os EUA e os países imperialistas e lacaios reconheceram o governo ilegítimo do Kuomintang como o único governo da China até 1971, quando a conciliação da burocracia chinesa com o imperialismo levou a um acordo que dura até hoje, de reconhecimento de Pequim como único governo da China.

Em sua passagem por Taipei, Pelosi encontrou-se com a “presidenta” do país, Tsai Ing-wen, que considerou a ação como um importante apoio do imperialismo norte-americano às intenções separatistas e sabotadoras da ilha. Logicamente, isso se disfarça sob o manto do apoio à “democracia” e à “liberdade” que supostamente reinariam em Taiwan, contrapondo-se com a ditadura chinesa. No entanto, toda a propaganda barata dos grandes meios de comunicação imperialistas esconde que Formosa foi uma duríssima ditadura militar desde a criação do regime fantoche de Chiang Kai-Chek até o final da década de 1980 e, mesmo após isso, o país artificial continuou a ser rigidamente controlado pelos Estados Unidos e seus vassalos.

Reação militar

O Exército Popular de Libertação da China está realizando exercícios militares em resposta à visita de Pelosi. Como parte dessas manobras, conduziu bombardeios de artilharia na direção do Estreito de Taiwan a partir do território da província de Fujian. Dentre os armamentos a serem utilizados pelos militares chineses estão artilharia de longo alcance e o míssil hipersônico DF-17, que nunca havia sido usado pelos chineses até então.

Havia uma enorme expectativa dos analistas internacionais e mesmo dos diplomatas estrangeiros sobre se Pequim iniciaria uma guerra aberta contra Taiwan, uma invasão ou ao menos algum tipo de ataque bélico. Na realidade, essa atitude destoaria completamente da política tradicionalmente levada a cabo pelos chineses, que sempre atuaram diplomaticamente ─ leia-se, conciliatoriamente ─ com relação ao imperialismo.

Medidas econômicas

A principal resposta, no entanto, por parte da China, tem sido econômica. Ela iniciou a aplicação de um pequeno embargo a Taiwan, suspendendo a importação de produtos como peixes e frutas, assim como a exportação de uma série de bens.

Negócios dentro dos Estados Unidos, como a implantação de novas empresas e fábricas, também estão sendo paralisados. Apesar de toda a guerra econômica do imperialismo americano contra o país asiático, os EUA dependem de uma série de investimentos chineses ─ um dos motivos pelos quais Donald Trump é tão popular, uma vez que angariou apoio de trabalhadores e médios empresários insatisfeitos com a competição das empresas da China em solo norte-americano.

Contudo, as medidas econômicas da China em retaliação aos Estados Unidos, ao menos em um primeiro momento, são extremamente tímidas.

A visita da presidente da Câmara dos EUA a Taiwan | Momentos da Análise Política da Semana

Relações políticas

A reação mais dura das autoridades chinesas, até o momento, tem sido política. Elas disseram que irão “acelerar o colapso de Taiwan”. Com relação aos Estados Unidos, o presidente Xi Jinping chamou de “campanha incivilizada dos imperialistas” essa visita, tachando-a também de uma “provocação dos reacionários americanos”.

O palavreado não é comum para um líder chinês desde Mao Tsé-Tung. Os presidentes da China, seguindo o exemplo de sua diplomacia, costumam tratar de maneira mais amena e pragmática, e não ideológica, os seus pares ocidentais. Isso indica que a China, apesar de não ter respondido à altura da provocação, está modificando e radicalizando o seu discurso contra o imperialismo. Isso está longe de significar uma ruptura com o regime imperialista de conjunto. Não é ainda uma medida drástica como a que foi adotada pela Rússia com o início de sua operação militar especial na Ucrânia. Mas já é algo relativamente fora da curva para os padrões chineses.

O Ministério de Relações Exteriores da China, por exemplo, afirmou que o país vai tomar, definitivamente, medidas drásticas em resposta à visita de Pelosi a Taiwan.

O que fica claro é que, apesar de nenhuma medida concreta contundente de Pequim, as relações EUA-China começaram um processo de acelerado desgaste a partir de agora, mais do que jamais havia sido visto em 50 anos de relacionamento diplomático entre o imperialismo e o regime surgido da revolução de 1949 e sua posterior degeneração e parcial restauração.

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