Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Ocupar o latifúndio

MST tem que invadir terras produtivas ou não

A reforma agrária não é caridade, é necessidade para o desenvolvimento do País

A campanha contra os trabalhadores sem-terra e suas organizações, com desataque para a mais famosa, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), volta a crescer. A disputa eleitoral entre Bolsonaro e Lula foi o gatilho para esse debate. O primeiro é representante dos latifundiários, que dominam a esmagadora maioria das terras do País, enquanto que o segundo é uma liderança do movimento de luta dos trabalhadores, incluindo os rurais, que consistem na maior parte da população do campo. Para qualquer setor de esquerda ou democrático, não deve haver dúvida: é preciso destruir o latifúndio custe o que custar, incluindo por meio da invasão das terras, produtivas ou não.

A reforma agrária é algo crucial para qualquer nação. A concentração de terra na mão de uma classe dominante rural é uma das principais características dos países atrasados. O domínio da economia agrária é um entrave para o desenvolvimento do capitalismo e, portanto, do socialismo. A classe dominante no campo em todos os países que atingiram o capitalismo pleno ou foi destruída pela revolução agrária, como na França, ou passou por outro processo de transformação, como na Alemanha. Neste caso, os camponeses migraram em massa para as Américas, diminuindo a população rural.

Outros casos famosos são as revoluções socialistas na Rússia, na China, em Cuba etc. Em todas elas, um dos aspectos cruciais foi o fim da concentração de terra. Foi isso que permitiu o desenvolvimento tanto da Rússia quanto da China, hoje países importantíssimos.

O caso do Brasil não é diferente, a concentração de terra que existe desde a fundação do País, com as grandes lavouras escravistas, é um enorme fardo para a nação. A Revolução de 1930 foi um importante passo para industrializar o Brasil, mas não foi longe o suficiente para, de fato, acabar com o latifúndio. Até os dias de hoje, essa ordem retrógrada oprime dezenas de milhões de brasileiros no campo.

A população do campo é um dos setores mais oprimidos do Brasil. Tanto os trabalhadores sem-terra, como os indígenas, são brutalmente assassinados por pistoleiros e policiais todos os dias. Grande parte dessa população não tem acesso à terra, é obrigada a trabalhar para os próprios latifundiários, viver na miséria ou imigrar para as cidades e se transformar em operário desempregado nas favelas ou até pior, aumentando a gigantesca população de rua do País.

Ao mesmo tempo, os trabalhadores da área rural estão organizados em importantes movimentos desde o fim da ditadura militar, sendo o maior e mais importante o próprio MST. Uma de suas principais atividades é a ocupação de terras para que sejam utilizadas pelos próprios trabalhadores, ou seja, realizar a reforma agrária “na marra”. Esses assentamentos, muitas vezes, se tornam alvo da violência dos latifundiários por estarem ameaçando o seu domínio econômico da terra. Todavia, a prática da ocupação de terras deve ser integralmente apoiada por toda a esquerda.

A partir disso, surge o debate da ocupação de terras improdutivas, sendo algo, inclusive, legal, descrito na Constituição. Contudo, o latifúndio em si não é algo que deve ser respeitado. Todas as terras dos latifundiários, estejam produzindo algo, ou não, devem ser distribuídas para os trabalhadores do campo. A reforma agrária não é algo possível apenas nas terras que são improdutivas, ela só é possível se for feita com todas as terras do Brasil e, portanto, com a destruição completa do latifúndio. Ao mesmo tempo, é justamente essa força econômica que impede o avanço da reforma agrária.

Sendo assim, toda invasão de terras por trabalhadores é justificada. Os trabalhadores têm o direito de tomar aquilo que lhes pertence, que causa opressão a dezenas de milhões no campo, que leva a fome para mais de cem milhões de brasileiros. Não só isso, como é o latifúndio que, de fato, destrói o cerrado e as florestas de forma descontrolada, e é o latifúndio que massacra os povos indígenas. Quaisquer setores supostamente democráticos que falam de meio ambiente e índios sem falar do fim do latifúndio, na verdade, estão a serviço do imperialismo para atacar o Brasil.

É preciso declara apoio total a todos aqueles que lutam pela terra no Brasil contra a força que oprime esses trabalhadores há séculos. A campanha contra o MST é uma campanha fascista. O único erro da organização é o de não radicalizar o suficiente, não aumentar o número de ocupações e não estimular a autodefesa dos trabalhadores do movimento. Por fim, apenas com a união dos trabalhadores da cidade e do campo é que se pode realmente por um fim ao latifúndio e garantir a reforma agrária por meio da revolução socialista.

Pistoleiro pode, índio não - Programa de Índio nº 102 - 29/08/22

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.