Gustavo Petro acena com as mãos para a mesma direção que os governo anteriores. Petro, que antes de eleito manteve um discurso de que era ex-guerrilheiro, cuja característica é lutar contra os opressores ou invasores. No caso da Colômbia, são representados pelos Estados Unidos, pois, além de ter um número quase incontável de bases militares no território colombiano, as mortes de lideranças populares têm sido praticamente diárias desde a intervenção norte-americana no país, sempre com fachada de proporcionar um protetorado e combate ao narcotráfico.
Desde o primeiro dia após sua eleição, Petro sinalizou que teria uma relação muito amigável com o imperialismo americano. O que não o deixa muito distante dos governos anteriores de direita. Finalmente, no discurso de Petro, não se vê o imperialismo americano como um inimigo.
Mais uma vez confirmando esse diagnóstico, o presidente da Colômbia afirmou, na última quarta-feira (24), segundo o SputnikNews, que os narcotraficantes que não negociarem com o Estado serão extraditados para os Estados Unidos, coisa que já acontecia nos governos de direita anteriores ao seu, mantendo a política de completa rendição ao domínio norte-americano dentro do território colombiano.
Mostrando o que realmente defende, apesar de ter-se declarado ex-guerrilheiro, é evidente que Petro pouco tem de ideologia de esquerda. Está mais próximo de um tipo como Gabriel Boric que, no Chile, foi alardeado como um grande representante da esquerda latina, reconhecido por vários setores da esquerda pequeno-burguesa brasileira, inclusive, como tal. Mas, no final, Boric segue quase ipsis literis a intenção do governo americano para o domínio do povo chileno.
Só o fato de declarar que extraditaria criminosos já deixa claro o desprezo que Petro tem pelo cidadão colombiano, a não ser que se considere que alguém que comete um crime deixa de ser cidadão e passa a ser cosmopolita. Mesmo nesse caso, por dizer que seria extraditado para os Estados Unidos, Petro ainda incorreria no engano de considerar que o imperialismo americano possui o direito de punir um cosmopolita.
Ou seja, que personagem de esquerda é esse que se abaixa para o domínio de uma nação vizinha reconhecidamente invasora e opressora do território colombiano, antidemocrática por subjugar os trabalhadores colombianos, além de ditar a cultura local e manter um clima de guerra infinita no território colombiano por meio dos assassinatos diários de lideranças populares?
O imperialismo americano adota como política intervir onde acha que deve, pois considera que possui esse direito, obrigando países como a Colômbia a manterem uma política de combate às drogas segundo os parâmetros americanos para determinado país. Algo que, na verdade, envolve outros interesses.
O combate às drogas é só uma maneira com aparência de legalidade e legitimidade para influenciar, quando não obrigar, governos a se curvarem ante seus ditames, como é o caso dos colombianos. O nome desse tipo de política que Petro aplica não seria diferente de lesa-pátria. O que esperar desse tipo de esquerda?
No fim, fica cada vez mais claro que Petro faz parte daquela esquerda identitária, obediente ao imperialismo americano, domesticada, a “nova esquerda” que foi fabricada em laboratórios norte-americanos para fortalecer a dominação do imperialismo em países estrangeiros, principalmente da América Latina.
O povo colombiano deveria rejeitar esse tipo de atitude de seu governante, pois o que se apresenta nos próximos meses para os colombianos é mais do mesmo que já têm passado, seja por meio do roubo de seu território, de recursos minerais, seja por meio da criminalização do povo colombiano, ou por meio dos assassinatos de lideranças populares.