Nos últimos anos, criou-se um clima entre duas forças políticas no Brasil: o bolsonarismo – e o próprio Bolsonaro – contra os ministros do STF. Em grande medida, este embate artificial foi promovido pela imprensa burguesa, que procurou caracterizar o quadro como sendo a luta entre a democracia e o autoritarismo.
Nesta terça-feira (02), entretanto, o ministro fascista do STF, Alexandre de Moraes, publicou um despacho que inclui o Partido da Causa Operária no inquérito das fake news. Ademais, o documento intima Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, a depor à Polícia Civil. Bem como obriga o bloqueio de todas as contas do Partido nas redes sociais.
Ou seja, fica claro que o combate do STF ao autoritarismo, ao bolsonarismo, é, na realidade, um pretexto para ele próprio se tornar cada vez mais autoritário. Afinal, sua artilharia se voltou contra o partido mais vanguardista de toda a esquerda brasileira, o PCO. E não, por exemplo, contra o próprio Bolsonaro.
Todavia, apesar da propaganda da imprensa capitalista, esse sempre foi o modus operandi do Tribunal. Seu combate à extrema-direita não passa de uma política de momento, oportunamente conduzida para, posteriormente, ser utilizada como um pretexto para campanhas maiores.
Esse ponto fica absolutamente evidente quando voltamos ao que ocorreu nas eleições de 2018:
Meses antes do pleito, o Tribunal de Exceção, sofrendo pressões do imperialismo e dos próprios militares, garantiu a legitimidade da prisão de Lula, candidato que, de maneira massacrante, venceria o pleito. Em seguida, referendou todo tipo de medida antidemocrática para cassar os direitos políticos de Lula e impedir, de uma vez por todas, a sua candidatura. Chegou ao ponto de ter sido proibido uma simples menção ao nome de Lula.
Ao mesmo tempo, Bolsonaro seguia firme em sua campanha que, por sua vez, continha todo tipo de ilegalidade. À título de exemplo, temos a campanha da “mamadeira de piroca”, uma alegação completamente falsa e esdrúxula contra o PT que, simplesmente, passou impune aos olhos do democrático STF.
Aqui, é justo o questionamento: porque tal campanha não foi enquadrada dentro das fake news? Justamente porque o tribunal atua sobre seus próprios interesses que, à época das eleições de 2018, condiziam com a candidatura de Bolsonaro.
Nesse sentido, o STF foi parte essencial do golpe que, posteriormente, levou Bolsonaro ao poder. Não é uma oposição real à extrema-direita, mas sim um dos pilares do governo exatamente por garantir uma carta branca às suas ações contra o povo, em prol do regime burguês.
É evidente que a perseguição por parte dos fascistas de toga do STF às chamadas fake news não passa de uma grande farsa. É apenas mais um dos pretextos que a burguesia encontra para levar adiante a sua dominação. À época das últimas eleições gerais, a campanha foi em torno da corrupção. Agora, é a vez da “desinformação”, ainda mais um artifício para justificar as medidas autoritárias do STF contra o povo e suas organizações.