Nesta quinta-feira, 20 de junho, as ruas de São Paulo receberão um evento inusitado: a “Marcha para Jesus com Moro”.
A “Marcha para Jesus” é realizada todo ano. É o maior evento evangélico do Brasil. Segundo os organizadores, no ano passado, a caminhada pelas ruas da cidade reuniu 1,5 milhão de pessoas – número totalmente impossível, mas vamos lá.
A novidade, desta vez, é que o superministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, ex-juiz da farsa da Lava Jato, é o convidado de honra, talvez mais que o próprio Jesus.
Quem o convidou foi o pastor e deputado Marco Feliciano (Podemos-SP) e Moro já confirmou presença, afinal, ele anda precisando de holofotes amigos, do Bial, do Ratinho. Cai bem uma bajulação em nome do Senhor também.
Como se não bastasse, os organizadores da marcha disseram que também o presidente ilegítimo Bolsonaro estará no desfile. Se isso se confirmar, será a “Marcha para Jesus com Bolsonaro e Moro”.
Consta que a tal bancada evangélica tem feito pressão para que Marco Feliciano seja indicado para a secretaria-geral da Presidência.
O deputado federal tem a seu favor que é próximo da família Bolsonaro e é amigo do Olavo de Carvalho, que é o mentor da Escola Sem Partido e padrinho de pelo menos três ministros, além de pessoal de outros escalões. Feliciano também é amigo da pastora Damares Alves, também superministra dos Direitos Humanos, da Igualdade Racial e das Mulheres. Ela entende de muita coisa, até de Bob Esponja.
Por outro lado, o pastor-deputado tem aquele processo de acusação de estupro contra a jornalista Patrícia Lélis, “ex-militante da juventude” do PSC, em 2016, que foi arquivado pela justiça. Patrícia, que dizia que Damares sabia de tudo, acabou se tornando ré no processo, acusada de mentir e extorquir dinheiro de Talma de Oliveira Bauer, assessor de Feliciano, embora a polícia civil de São Paulo tenha divulgado um vídeo em que, supostamente, Talma oferece R$ 10 mil para Patrícia e pergunta se é o suficiente “para ela se resolver”.
Moro está abrigado em boa companhia.
Fica evidente que ele foi acolhido e está apoiado pela extrema-direita, da qual sempre foi um representante. Ele é do governo fascista de Bolsonaro até o pescoço.
E setores evangélicos andam de braços dados com os fascistas, intolerantes, preconceituosos, opressores e violentos em nome de Cristo.
Parece uma contradição.
Em um exercício de imaginação, a marcha inusitada desta quinta teria paralelo se o próprio Imperador Romano e Pilatos, opressores imperialistas, saíssem a marchar por um tal de Jesus, que dizem que era um pacifista, amoroso, gentil, fraterno, curandeiro, que pregava abandonar as posses e riquezas materiais e distribuir aos pobres.
Contradição por contradição, se a dupla Jair e Sérgio esticar o “findi” na capital paulista, domingo tem outra, a “marcha LGBTS”, conhecida popularmente como Passeata Gay, que será uma boa chance de fazer vídeos e depois postar no Twitter para manter a distração do seu público.