Vence, no dia 5 de outubro deste ano, a concessão de radiodifusão da Rede Globo, três dias após o 1º turno das eleições. Concessões, que têm duração de 15 anos, para a utilização do canal de televisão aberta, e que, constitucionalmente, somente o governo Federal pode autorizar, tendo o Congresso Nacional a palavra final desta decisão.
A emissora em questão já tem 57 anos de atividade, fundada em 26 de abril de 1965, logo após o golpe de estado de 1964, dado pelos militares com apoio dos Estado Unidos. Foram eles, os capachos imperialismo e os generais das Forças Armadas que deram a Roberto Marinho, jornalista mais reacionário da época, o “direito” exclusivo de ter uma poderosa máquina de propaganda para defender a ditadura e o controle dos EUA sob os brasileiros.
Os 25 anos de ditadura militar foi o período de grande crescimento e consolidação da Rede Globo, que hoje já é uma das maiores redes de televisão, rádios e jornais não somente do Brasil, mas do mundo. Um gigante monopólio da comunicação a nível global de patrimônio avaliado já na casa dos bilhões, controlado agora pelos filhos de Roberto Marinho.
Lado a lado à ditadura, a Rede Globo é coautora de milhares de mortes, torturas e desaparecimentos que ocorreram no período, utilizando-se do aparato jornalístico para fraudar e manipular a opinião pública por meio da informação. É exatamente por estes e outros motivos que as concessões não são abertas ou livres, mas uma exclusividade à meia dúzia de famílias responsáveis por quase todo conteúdo disseminado nos televisores à nível nacional.
Liberdade de Expressão
É neste cerco que a vida nacional desde há muito tenta se libertar, um conglomerado de empresas que hoje denunciam certas práticas das chamadas fake news – mentiras – que são, na realidade, o tradicional método de trabalho delas mesmas, e muito refinado após tantas décadas, para realmente ludibriar e enganar os telespectadores.
No período da redemocratização do País, estes jornais televisivos apresentaram as gigantescas manifestações populares pelo fim da ditadura militar, como se fossem comemorações pelo aniversário da cidade de São Paulo. As manobras no debate presidencial entre Lula e Collor em 1989, no Jornal Nacional da Globo, são mais um exemplo do tamanho poder destes monopólios. Sem falar no próprio Jornal Nacional, visto até hoje pela maioria da população como o principal noticiário nacional. É claro que todo o povo vê com desconfiança tudo o que é apresentado, mas como toda informação em toda imprensa capitalista é combinada e articulada internacionalmente, falta parâmetro para que a verdade se estabeleça.
Neste sentido, a televisão ainda é o meio de comunicação de maior alcance existente no Brasil. Entre as famílias autorizadas, a Globo ainda é a rede de maior alcance entre as demais, com de cerca de 31,2% do tempo de todos os aparelhos conectados, seguindo da Record com 11,2%, SBT com 9,8% e Band com 3,15%, segundo a Kantar Media, em fevereiro deste ano. Assim, por possuir filiais em todos os estados do país, além de jornal, revistas, canais na internet e grande fatia também na televisão fechada, o monopólio chega a cerca de 99,49% no alcance dos potenciais telespectadores.
É um verdadeiro crime, concessões totalmente antidemocráticas contra o direito de toda a população de se expressar igualmente através deste bem público que é a comunicação televisiva e radiofônica brasileira. Totalmente na contramão do desenvolvimento do país e da verdadeira repressão da consciência de classe dos trabalhadores. Um ponto extremamente urgente de luta e mobilização pela mudança na forma como se dão estas concessões.
Bolsonaro é um covarde
Apesar dos ataques de Jair Bolsonaro (PL) à Rede Globo com os ditos “Globo Lixo”, entre outros, no sentido de confrontar o monopólio de um setor da burguesias contra o outro, favorecendo por exemplo a Rede Record, na ameaça à renovação da concessão à família Marinho, esta não passa de uma grande jogada eleitoral para levantar o ânimo de seus eleitores.
Bolsonaro não tem interesse real em acabar com a concessão da Globo: ele fala, mas não vai fazer. Até porque, é a própria Globo quem o colocou o poder, por meio das décadas de campanha antipetista, golpista e lavajatista do mensalão, da derrubada da Dilma (PT) e da prisão de Lula (PT). É tanto à Globo, quanto ao Supremo Tribunal Federal (STF) e sobretudo aos governos dos EUA de Barack Obama, Donald Trump e Joe Biden, que Bolsonaro deve toda sua popularidade e o atual emprego.
“Se tiver tudo ok e quiser renovação, será renovada. Se não tiver tudo ok, não será renovada”
Em junho, o próprio ministro das Comunicações, o bolsonarista Fábio Faria, já declarou de que o critério para a renovação será “100% técnica”, que se forem encaminhados os devidos documentos, a Globo continuará com canal. Ou seja, Por mais que a emissora ainda não tenha iniciado o pedido, o critério se dará de forma totalmente burocrática e “democrática” assim como sempre foi.
Bolsonaro não abrirá esta crise, até porque ele mesmo é o candidato da Rede Globo para estas eleições se caso a Terceira Via não emplacar, tal como nas eleições de 2018, em que Alckmin (PSDB, hoje no PSB) alcançou os vigorosos 2% dos eleitores. Trata-se de mais uma briga de comadre, como a que ele desempenha junto a Alexandre de Moraes do STF.
Assim, quem deve defender efetivamente a cassação da licença deste verdadeiro monopólio de mentiras e de manipulação é a classe trabalhadora e a esquerda. Os verdadeiros perseguidos pela imprensa capitalista, os que realmente necessitam que as concessões sejam abertas, ao alcance de todos para que todos possam falar e se expressar. Isto só se pode dar pela luta política, partindo de um governo de trabalhadores. Lula já manifestou intenção de maior controle sobre este importante setor que é a comunicação.
Obviamente que, contrário ao que a Globo, Record, Folha de São Paulo, Estadão, etc, dizem sobre Lula, este não vai restringir ainda mais o direito de comunicar ideias, mas confrontar este monopólio, contra as oligarquias e o imperialismo que o prendeu por meio da distorção da informação e que submete os trabalhadores à condição deplorável que se encontra nas décadas de regime burguês e quase uma década de regime golpista.