Um ato sem bandeiras, sem bateria, sem bar, sem festa — enfim, sem partido. Um ato que não seria um ato, mas sim um velório. Era isso que a DitaDoria, a ditadura comandada pelo PSDB no Estado de São Paulo, havia programado para o ato Fora Bolsonaro deste sete de setembro. Logo na maior e mais importante capital do País, mãe do movimento operário que derrubou a ditadura militar, a direita queria impedir que a esquerda se organizasse e realizasse um ato verdadeiramente combativo. Felizmente, não foi isso o que aconteceu.
Após tomar ciência de que o governador do Estado, o golpista João Doria (PSDB), iria colocar a Polícia Militar para revistar os manifestantes e impedir a entrada de qualquer material de agitação e propaganda, sob a desculpa de evitar “conflitos violentos”, o Partido da Causa Operária, encabeçando todo o setor de luta do movimento Fora Bolsonaro, prontamente denunciou a arbitrariedade e convocou a esquerda a furar a barreira policial. Em programa assistido por mais de 20 mil pessoas na Causa Operária TV, o presidente nacional do PCO, Rui Costa Pimenta, deixou claro: o PCO não vai ser revistado pela milícia fascista do Estado, a Polícia Militar. E para evitar isso, o Partido convocou todos a se concentrar no Theatro Municipal para que, juntos, enfrentassem a guarda armada de João Doria.
O PCO não é um partido de bravatas. O que fala, faz. Seus militantes expulsaram diversas vezes o MBL quanto tentou se infiltrar nos movimentos da esquerda e colocaram para correr os cabos eleitorais do PSDB que tentaram sequestrar o ato da esquerda no dia 3 de julho. E estaria pronto também para garantir, pelos meios que fossem necessários, os seus direitos democráticos nas ruas. O PCO não baixou suas bandeiras para a ditadura militar, não iria logicamente baixá-las para o bolsonarista de calça apertada João Doria.
Diante da mobilização, comandada pelo partido que faz mais do que fala, a PM não teve outra alternativa a não ser deixar o movimento passar. Uma vitória muito importante do movimento, que demonstrou que a esquerda não deve se deixar intimidar pelos cassetetes e pela truculência do aparato de repressão da direita.
Embora a vitória tenha sido muito importante, é preciso destacar que a PM nos atos não é o único problema. Antes de vir com essa palhaçada, Doria tentou proibir que os atos acontecessem, reservando as ruas apenas para que os bolsonaristas organizassem suas manifestações. No entanto, novamente, o movimento, impulsionado pela política intransigente do PCO, bateu o pé e decidiu fazer o ato em São Paulo. A desmoralização de Doria foi tanta que o Judiciário, comandado pelo PSDB, precisou revogar a própria decisão de Doria, para que parecesse que o ato aconteceu não por uma desobediência do movimento, mas sim porque tinha autorização legal para fazê-lo.
Antes ainda, deve-se lembrar que Doria proibiu que a esquerda fizesse o ato no local tradicional de suas manifestações, que é a Avenida Paulista. O local foi reservado aos bolsonaristas.
A vitória no Vale do Anhangabaú deixa três lições importantes. Primeiro, que o movimento operário e popular organizado e mobilizado é capaz de derrotar as ditaduras do PSDB e de Bolsonaro. Segundo que a esquerda que ainda nutre ilusões em formar qualquer tipo de aliança com João Doria deveria abandoná-la imediatamente, sob o risco de ser engolido pela fúria do próprio movimento. E terceiro que, apesar de a PM não ter conseguido impedir o ato, ele poderia ter sido muito maior não fosse a falta de preparação e investimento político da esquerda. É preciso reorganizar o movimento, começando por democratizá-lo ao realizar plenárias municipais e estaduais com todos os militantes e trabalhadores a fim de radicalizar e aumentar substancialmente o movimento pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas, Lula presidente e um governo dos trabalhadores.