Para a pergunta “Quem é o aliado do PT?” a resposta seria muito simples: a classe trabalhadora. Aliás, se tomássemos o nome do partido ao pé da letra, ficaria fácil essa constatação. A questão é que, em sua formação social, principalmente entre os dirigentes, a presença de trabalhadores esteja muito escassa.
O PT deveria se livrar do peso morto que está compondo ou orbitando a candidatura Lula. Esses sanguessugas não trazem votos e muito menos pessoas para os atos. Isso ficou claro nos atos que fizeram tentando trazer a direita para dentro do Movimento Fora, Bolsonaro.
Na ocasião, em setembro de 2021, mesmo juntando João Doria, MBL, Ciro Gomes e alguns desavisados do PCdoB e PSOL, não conseguiram sequer encher um quarteirão da Avenida Paulista, em frente ao MASP (Museu de Arte de São Paulo). É a esquerda que leva pessoas para as ruas. Por isso, não faz muito sentido a insistente busca de apoio dos setores direitistas.
No momento seguinte, quando a direita tentou se infiltrar nos atos, o Bloco Vermelho, formado por militantes do PCO e a base mais radical petista, expulsou a pelegada da manifestação, ao ponto de Ciro Gomes ter que sair praticamente correndo da Avenida Paulista.
Pressão externa
Houve um grande assédio para que o PT entrasse em uma frente ampla com aquilo que se convecionou chamar de ‘campo democrático’, que nada mais é que uma caterva de políticos oportunistas da direitta, golpistas convictos que, por diversos motivos, se apresentavam como ‘arrependidos’. A ideia original era até mais ousada, se pretendia jogar Lula para escanteio e colocar toda a esquerda a serviço da Terceira via.
A grande imprensa o tempo todo tentou pautar o PT, para isso contou também com infiltrados da esquerda que possui até mesmo alguns figurões que trabalham para ela. O tempo todo se viam notícias de supostas conversas ou encontros de Lula com este ou aquele político da direita. Se dava pitaco daquilo que deveria fazer, onde, como e porquê.
Por outro lado, a imprensa pequeno-burguesa tratou de empurrar o PT para uma aliança com a direita. A motivação, que parece muito boa, pelo menos no papel, é de que seria imprescindível vencer o fascismo, leia-se Bolsonaro, ainda no primeiro turno das eleições.
Esse senso de urgência tinha duas motivações, pelo menos: 1) o medo de que Bolsonaro tentasse um golpe no caso de não vencer as eleições. E uma vitória no primeiro turno, supostamente, o deixaria atordoado em sem reação e; 2) forçar alianças com qualquer um que se dissesse contra Bolsonaro, pois, para essa gente, quantidade vale o mesmo que qualidade.
Em política, isso é sabido, a soma pode resultar em zero. Se nos juntarmos com aqueles que jogam contra o nosso time, com certeza sairemos enfraquecidos, perderemos em vez de ganhar.
Jantando com o inimigo
Finalmente, após pressão da grande imprensa e apoio da esquerda mais direitista, ou ‘ala progressista’, marcou-se um jantar no qual participaram Lula e Geraldo Alckmin, que prometia se filiar com o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Socialista no nome, pois já tevem em seus quadros pessoas como Paulo Skaff, um industrial do rentismo que já foi presidente do Fiesp, peça-chave do golpe contra Dilma Rousseff. Por isso não causa estranheza que parte de seus deputados tenha votado pela cassação da ex-presidenta.
Geraldo Alckmin, em uma decisão de cima para baixo, acabou sendo escolhido como vice na chapa de Lula. O repúdio a seu nome entre a classe trabalhadora é gigantesco. Ninguém se esquece de seus crimes contra os professores e massacres como o do Pinheirinho.
Alckmin, o candidato preferencial da burguesia, foi um verdadeiro fiasco nas presidenciais de 2018. Sua votação foi tão ridícula que a burguesia manobrou e elegeu Bolsonaro. A grande façanha do PT é levantar esse defunto político das catacumbas. Geraldo Alckmin não beneficia Lula, mas está se alimentando de seu sangue. Não fosse o petista, e Geraldo Alckmin terminaria sua carreira política sendo derrotado até mesmo como candidato a síndico do prédio no qual reside.
Isso que se diz de Alckmin pode perfeitamente ser dito de políticos como Freixo, um grande oportunista que, enquanto Lula esteve preso em Curitiba, não moveu um único dedo para tentar libertar o ex-presidente, dizia que a palavra de ordem “Lula Livre” não agregava. No entanto, quando Lula foi solto, o primeiro a subir no palanque para beijar sua mão e sair na foto foi justamente Freixo.
O PSB é um partido totalmente inexpressivo, o tempo todo está jogando contra a campanha do PT. Apesar de inexpressivo, faz todo tipo de chantagens para obter vantagens eleitorais. E o PT não deveria se coligar com essa gente.
O contraste
Ao contrário dos oportunistas de plantão, a classe trabalhadora e a esquerda mais radical tentaram impedir a prisão de Lula, em um primeiro momento. E, depois, quando da prisão, foram justamente os trabalhadores que acamparam em frente da Polícia Federal e não se arredou pé até sua soltura.
O correto a fazer é se apoiar na classe trabalhadora. Entidades como o MST e a CUT é que deveriam fornecer os candidatos para as eleições, pois são os verdadeiros representantes da luta contra a burguesia.
A CUT congrega quase 4 mil sindicatos, alguns deles são os maiores da América Latina. O próprio Lula se forjou na luta sindical até perceber que os trabalhadores precisavam de um partido próprio. O MST, por sua vez, representa a luta histórica no campo contra o latifúndio. Temos milhões de trabalhadores no campo lutando contra as péssimas condições de vida.
Em uma eventual eleição de Lula, é preciso lembrar que esse governo sofrerá uma pressão enorme do imperialismo e de seus cães, a extrema-direita. A única força capaz de barrar esses ataques é justamente a classe trabalhadora.
Aqueles que agora se “unem” a Lula por conveniência, serão os primeiros a trair, pois são golpistas desde o berço, não vão mudar agora, por mais que façam pose não passam de sabotadores profissionais.