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Cãozinho do imperialismo

Gabriel Boric: o FHC chilleno

Presidente recém-eleito no Chile não sabe mais o que fazer para agradar seus donos.

boric marionete

Gabriel Boric é aquela figura que é de ‘esquerda’ muito mais porque assim o pintam do que propriamente uma característica de sua política. A primeira coisa que fez ao se saber eleito foi cortar os cabelos e aparar a barba. De certo modo lembra FHC que, de intelectual, nem ruborizou ao se vender pra quem o quisesse comprar com sua famosa frase “esqueçam o escrevi” quando ainda era ministro da Fazenda do governo Itamar Franco. A frase não era exatamente essa, mas o sentido corresponde.

Nosso vizinho chileno, por seu turno, não perde oportunidade para agradar os EUA e agredir a Venezuela. Em recente entrevista publicada no sítio da BBC (23/jan), ao ser perguntado “– Dentro da América Latina, o sr. se reconhece em algum governante de esquerda”; Boric respondeu “Espero trabalhar ao lado de Luis Arce, na Bolívia, de Lula se ele ganhar as eleições no Brasil, de Gustavo Petro, cuja experiência se consolida na Colômbia. Acho que pode ser um eixo interessante. / Entendo que a pergunta está relacionada à Venezuela e à Nicarágua. No caso da Nicarágua, não consigo encontrar nada lá, e no caso da Venezuela é uma experiência que fracassou, e a principal demonstração de seu fracasso é a diáspora de 6 milhões de venezuelanos.”.

Não ocorreu a Gabriel Boric questionar as causas disso que ele chama de ‘diáspora’ na Venezuela. Não será, por acaso, obra dos embargos econômicos promovidos pelos EUA contra aquele país? Pior, embargos econômicos em meio a uma violenta pandemia! Pesquisa (leia pdf em espanhol) do CEPR (Centro de Pesquisa Econômica e Política) aponta que apenas no período entre 2017 e 2018, 40 mil mortes podem ter sido causadas na Venezuela pelas sanções. Em matéria de 2020 do Brasil de Fato, revela-se que em seis anos de bloqueio a Venezuela foi alvo de 150 sanções e 11 tentativas de golpe.

No caso da Nicarágua, ainda não se conseguiu encontrar nada lá. Em breve, talvez, encontre um canal (construído em parceria com a China) ligando os oceanos Atlântico e Pacífico que rivalizará com o canal do Panamá. O real motivo de todos os ataques que aquele país vem sofrendo.

Sobre a Colômbia, Boric se limita a citar Gustavo Petro, do movimento Colômbia Humana. Ora, a Colômbia é o país que mais tem exterminado ativistas de esquerda, um verdadeiro massacre. O recém-eleito presidente do Chile prefere se calar, pois sabe que ali é área direta de influência dos EUA. Gabriel Boric é um bom menino, não faria uma travessura dessas. Até fez questão de publicar em seu Twitter, no dia 30 de dezembro, uma foto todo arrumadinho recebendo as felicitações de Joe Biden. Na postagem se lê:

biden boric 30dez2021
– Oi, chefinho…

Acabo de receber telefonema do presidente dos EUA. Além da alegria compartilhada por nossos respectivos triunfos eleitorais, conversamos sobre desafios comuns como comércio justo, crise climática e fortalecimento da democracia. Seguiremos conversando”.

A era FHC

O imperialismo é aquele tipo de tumor que quanto mais cresce, mais precisa de energia e suga o corpo adoentado até levá-lo à morte. O imperialismo cada vez mais precisa de governos como o que tivemos no Brasil, o de FHC, um que seja totalmente subserviente e não se incomode em dilapidar o patrimônio nacional, jogar a população na miséria e transferir as riquezas para a matriz. No início, muito gente da pequena burguesia creditava a ele algum caráter esquerdista, uma vez que se tratava de um acadêmico e de ter relações com a USP. Fernando Henrique Cardoso era conhecido como o Príncipe dos Sociólogos, não demorou muito e passou a ser chamado de Sociólogo dos Príncipes.

O estrago de FHC no Brasil foi de tal ordem que o PT ganhou quatro eleições presidenciais consecutivas e ainda estaria no poder não tivesse ocorrido o golpe em 2016. A indústria nacional foi reduzida a pó. Setores inteiros, como o da mineração, foi quase que literalmente doado ao grande capital. A telefonia, nos dias atuais, está entre 7 e 10 vezes mais cara para o consumidor. Após o golpe, os governos Temer e Bolsonaro estão tratando de liquidar com aquilo que restou. O resultado disso no entanto, é uma grande pobreza, desemprego e fome que nos colocou em uma situação política extremamente polarizada.

A festa identitária e a realidade na economia

No gabinete anunciado para o futuro governo, Boric fez uma bela demagogia com um número elevado de mulheres, como se isso por si fosse suficiente. Basta uma pequena olhada no que temos aqui no Brasil para notarmos que tem muita figura nefasta vestindo saias no Congresso. Se formos olhar internacionalmente, a coisa fica ainda pior, pois há uma lista contendo nomes como Margaret Thatcher e Hillary Clinton, para ficarmos apenas em dois nomes.

O Partido Comunista, que teve grande participação na eleição, já está sendo jogado para escanteio, não ficará com nenhuma pasta realmente relevante. O Partido Socialista, por sua vez, fiel à política neoliberal, começa a ganhar cada vez mais protagonismo. Na economia ficará mantido um homem de confiança do governo de extrema-direita de Piñera, Mario Marcel. Seu nome serve para ‘acalmar’ o deus mercado. Na chancelaria nomeou Antonia Urrejola Noguera, uma declarada inimiga de Cuba e Venezuela (leia nossa matéria com mais detalhes).

Como se vê, o neoliberalismos será a tônica do governos Boric. A questão que se coloca é: terá força para fazê-lo? Não podemos nos esquecer que o Chile passou por uma grande convulsão social de características revolucionárias. Para acalmar os ânimos se convocou uma assembleia constituinte. Na sequência se elegeu um governo maquiado de esquerdista.

Ao contrário do que foi a era FHC aqui no Brasil, que tinha lenha para queimar, não é o mesmo quadro que encontramos no Chile. O país foi um laboratório a céu aberto das práticas neoliberais. A previdência foi roubada dos chilenos que, para não morrerem de fome, precisam trabalhar até uma idade muito avançada. Naquele país, o suicídio entre idosos bate recordes.

Entre polos opostos

O Chile está sendo tensionado por duas forças poderosas: de um lado as massas descontentes e, de outro, um imperialismo necessitando desesperadamente de todo o centavo que puder abocanhar. A eleição de Boric, que foi saudado entusiasticamente pela maior parte da esquerda pequeno-burguesa, deixa claro que essa lua de mel é fruto das esperanças que nele estão depositando, ainda que inutilmente, conforme não cansamos de repetir. A chance de essa lua de mel se transformar rapidamente em divórcio são muito grandes.

Se Lula conseguir vencer as eleições, o que não será nada fácil, a pressão no Chile vai ficar ainda mais forte. As massas irão se animar, e em toda a América Latina. A possibilidade de um recuo do imperialismo parece muito improvável. As eleições chilenas provam isso, mexeram umas para lá e para cá e tudo continua está, pelo menos no essencial.

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