Um fato da maior gravidade, que não chega a ser uma novidade na campanha de rua que vem sendo realizada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) com seu candidato principal – o ex-presidente Lula -, mas também candidatos ao governo em determinados estados, ocorreu na sexta-feira, dia 16, em uma das mais importantes cidades do interior paulista, Ribeirão Preto. Ali estava marcada uma caminhada e o comício do candidato petista ao governo do estado de São Paulo, Fernando Haddad, que lidera as intenções de voto para o Palácio dos Bandeirantes.
No entanto, por determinação da Polícia Federal, os organizadores da campanha de Haddad cancelaram o evento por “questões de segurança”. “A Polícia Federal, por meio do trabalho de inteligência, informou ao Partido dos Trabalhadores que a atividade é insegura para os candidatos que disputam o governo do Estado e a Presidência da República”.
Adotando uma postura de completa capitulação e servilismo a uma instituição declaradamente anti petista, reacionária e golpista – como é a PF – o Secretário de Comunicação do PT de Ribeirão Preto, José Alfredo Carvalho, disse que aliados de Haddad ficaram “estarrecidos com essa informação, que coloca nossa democracia em risco e o direito à liberdade”. “Por onde passa, o PT e os partidos de esquerda, têm sido vítimas de violências e intimidações, como vem acontecendo com o presidente Lula, que também foi obrigado a cancelar comício“, afirmou o impotente secretário de Comunicação petista da cidade.
Os que acreditam que Lula é o candidato do imperialismo no Brasil não analisam a política por meio dos parâmetros materiais. O imperialismo derrubou o PT em 2016, prendeu Lula em 2018 e tentou deixa-lo inelegivel novamente mas não conseguiu devido a luta dos trabalhadores.
— PCO – Partido da Causa Operária – (M) (@mpco29) September 16, 2022
Indo um pouco mais adiante na demonstração de servilismo, disse ainda que “essas pessoas demonstram, com isso, o país que querem para elas: por meio de ameaças, truculências e atos antidemocráticos. Não estão acostumados com disputas transparentes e democráticas. Querem o país para eles, para o bem deles e não para o povo brasileiro! Estamos tristes com isso, mas vamos ouvir a recomendação da Polícia Federal“.
Será que é tão difícil assim perceber que a “recomendação” da Polícia Federal tem muito pouco ou nada a ver com segurança ou insegurança dos atos, mas trata-se de uma estratégia para esvaziar e sabotar a campanha do PT? Não nos esqueçamos que a PF foi uma espécie de vanguarda reacionária na luta contra os governos petistas e defesa do golpe de Estado, realizando operações espetaculosas em conluio com a imprensa golpista, a “justiça” de Curitiba e a famigerada operação Lava Jato, dos juízes direitistas Sérgio Moro e Deltan Dallagnol.
O fato é que a campanha petista se submete a uma inclinação cada vez mais à direita, amputando a participação popular dos atos, chegando ao cúmulo de permitir a ingerência da Polícia Federal. Se as ameaças contra as candidaturas do partido são reais, é necessário que se organize a segurança dos atos e comícios a partir da própria militância, das organizações populares que apoiam as candidaturas do PT (CUT, MST, sindicatos, ativistas, etc) e não instituições repressivas do Estado, como a PF, que na prática está pautando e dizendo o que pode e o que não pode acontecer nas atividades de campanha do partido.
Faltam duas semanas; portanto, ainda dá tempo de corrigir os rumos nessa reta final e colocar o bloco na rua de forma enérgica, dirigindo um chamado à ocupação das ruas, das praças, única forma de garantir a vitória de Lula, e assim impor uma derrota decisiva à extrema direita e à direita representada pela terceira via.