Na última semana, o homem mais rico do mundo, Elon Musk, anunciou um plano para sua aquisição da rede social Twitter. O bilionário teria feito uma oferta de 43 bilhões de dólares pela empresa, logo após ter se tornado o maior acionista da companhia, com 9% das ações.
O que pretende Musk com um investimento tão ousado?
No passado, ele e o Twitter entraram em alguns embates no que diz respeito à liberdade de expressão na plataforma que, de maneira geral, é extremamente limitada. Nesse sentido, Elon afirmou querer tornar o Twitter “a plataforma de liberdade de expressão em todo o mundo”, advogando em prol de mudanças que tornariam a plataforma mais democrática para seus usuários.
“Deveríamos errar em favor da liberdade de expressão, em caso de dúvida […] Se houver uma área cinzenta, em minha opinião, é melhor deixar que o tuíte exista”, disse o bilionário.
Entretanto, deve ficar claro que Elon Musk não está preocupado com a liberdade de expressão propriamente dita. Finalmente, ele é um capitalista, o maior do mundo inteiro. Não, o interesse aqui é outro, algo que pode ser mais bem entendido quando olharmos para a origem do valor que Elon está oferecendo pela empresa.
Afinal, apesar de ser o homem mais rico do mundo, a fortuna obscena de Elon é da cifra de 270 bilhões de dólares (mais de um 1.250 trilhão de reais). Logo, desembolsar, de uma só vez, 43 bilhões de dólares, algo em torno de 15% de seu capital, seria uma tarefa no mínimo difícil. Até porque a maior parte de seu patrimônio toma a forma de ações de sua empresa Tesla.
Ou seja, somos levados a pensar que Elon não estaria sozinho nessa compra, algo que ele já fez quando tentou fechar o capital da Tesla ao contratar os serviços da empresa Silver Lake. Consequentemente, sua ação não representa seu interesse, unicamente, mas sim de um setor dos grandes capitalistas.
Estaria, então, este grupo preocupado com os direitos do povo? Nem de longe. É, antes de qualquer coisa, mais uma briga interna da própria burguesia contra ela mesma.
O que está em curso é a tentativa de romper o controle cada vez maior das redes sociais. Em outras palavras, é a tentativa de acabar com o monopólio das redes que acaba atrapalhando até mesmo setores da burguesia. É o que fizeram com Donald Trump, por exemplo.
O próprio Musk já sofreu um processo milionário após uma publicação na plataforma que foi enquadrada como fraude em 2018, no meio das negociações com os acionistas da Tesla. Depois do ocorrido, um advogado da empresa precisa aprovar todos os seus tweets referentes à Tesla, algo que ele está, também, tentando derrubar.
Nesse sentido, apesar de não ser uma preocupação genuína com a liberdade de expressão, é uma luta entre setores do imperialismo que pode ser extremamente positiva para o povo, caso o monopólio das redes seja efetivamente quebrado em meio a esse racha.