Continua a tentativa, com a campanha ensandecida da imprensa golpista, de aplicar um novo golpe contra a candidatura à presidência da república pelo PT. As matérias sobre o tema no PIG são diárias. O nome aventado pela Folha de S. Paulo, Geraldo Alckmin, à esta altura do campeonato, para a esquerda pequeno-burguesa e intelectuais da burguesia, já soa como um democrata, ou alguém de direita ligado a questões sociais do país, o que é um absurdo.
Os argumentos para justificar tal ataque à candidatura do ex-presidente Lula vão da afirmação de que o “ex-tucano” estaria mudado, amadurecido, até àqueles que dizem que Alckmin poderia angariar votos e ajudar na governabilidade ─ sabe-se lá o que isso significa para os papagaios da imprensa ligada ao imperialismo. No entanto, entre a base combativa da esquerda a conversa é outra: a possível aliança é uma bomba que desmobiliza a militância e enfraquece a luta.
Para a rádio Liberal do Pará, Lula deu uma declaração a esse respeito: “Ainda não posso dizer quem é que vai ser o vice. Só posso dizer que o vice não será um cara igual a eu. Será contraponto ao próprio PT. Alguém que possa ajudar na construção de uma coalizão”. Choveram manchetes exaltando tal posição nos meios de comunicação direitistas e ditos progressistas, que lutam para esconder a continuação da fala.
“Espero que a gente possa construir um vice para o Brasil, um vice que participe. Que vai ajudar a executar o programa, que seja um vice por inteiro. Que vai exercer a presidência quando eu me ausentar.”
É preciso dizer que é um equívoco querer um vice que seja um contraponto ao PT, porque não leva em consideração que o povo está votando em Lula e no PT, e não no vice, e se a maioria dos brasileiros quisesse um contraponto a eles, votaria nos adversários, em Bolsonaro, Moro ou qualquer outro direitista, não em Lula. Além disso, uma candidatura de coalizão tem que ser com o povo, com os movimentos populares, e não com a direita. Até por que se o golpismo avança sob um possível governo Lula, só a população irá defendê-lo nas ruas ─ enquanto seus “aliados” da direita estarão conspirando de dentro do governo e, na primeira oportunidade, irão debandar para o outro lado publicamente.
Porém, se o objetivo de um governo do PT e de Lula é um “vice por inteiro” que possa assumir a presidência sem maiores problemas na ausência do ex-metalúrgico, Alckmin não é a melhor opção. Muito pelo contrário. Um boato que circulou nas redes sociais, divulgado pelo site Poder 360, é que Dilma Rousseff em encontro com Lula, no último dia 13 de janeiro, teria dito: “Geraldo Alckmin será o seu Michel Temer. Quando você mais precisar, ele ficará à disposição da oposição para tomar seu lugar”.
Se Dilma disse isso mesmo, está completamente correta. Esse talvez seja um dos motivos pelos quais a imprensa burguesa faz uma campanha incessante contra a ex-presidenta. As lições de seu governo deve ser aprendido de uma vez por todas, e ela parece ter aprendido: nada de vice de direita, porque a direita é golpista. É preciso um vice do movimento popular, das massas trabalhadores, do campo ou da cidade.