Com o ascenso de figuras nacionalistas na América Latina, como Lula e Evo Morales, o imperialismo precisou adaptar a sua estratégia na região para golpear o movimento dos trabalhadores de dentro para fora. Por isso, começou a financiar e produzir figuras de “esquerda” que não se enquadram nem na caracterização de reformistas burgueses, quanto mais de revolucionários.
Surgiu a chamada “nova esquerda” latino-americana. De maneira breve, tratam-se de figuras que se colocam no campo progressista das ideias, mas que, na realidade, possuem uma política muito mais próxima do imperialismo do que boa parte das forças políticas de determinado país.
No Brasil, o principal expoente dessa ideologia é, sem sombra de dúvidas, o PSOL. Produto do próprio endireitamento do PT, durante o primeiro governo Lula, o PSOL surgiu como um grupo de políticos profissionais oportunistas que, apesar de possuírem uma política extremamente reacionária, demonstravam que, em grande medida, suas posições se davam em decorrência de erros provenientes de uma esquerda pequeno-burguesa “puro sangue”.
É o caso, por exemplo, do papel que desempenharam durante o golpe de 2016 quando, influenciados pela política ultra-esquerdista do PSTU, atacaram os governos do PT ao lado dos golpistas.
Entretanto, principalmente de 2018 para cá, o partido vem se tornando um polo de esquerdistas criados em laboratórios americanos, perdendo o seu caráter oportunista pequeno-burguês “tradicional” e ocupando o local de quinta-coluna do imperialismo no Brasil.
Isso se deu, principalmente, com a incorporação de Guilherme Boulos às suas fileiras. Figura que foi categoricamente desmascarada por este Diário no que diz respeito às suas profundas ligações com o imperialismo americano por meio do IREE.
Além de Boulos, cabe citar outras figuras como Áurea Carolina, Talíria Petrona, Erica Malunguinho, a chamada Bancada Ativista, Dani Monteiro, Renata Souza e Mônica Francisco. Sem contar na vice de Boulos, Sônia Guajajara.
Todas essas pessoas possuem, em geral, uma coisa em comum: possuem laços significativos com ONGs, organizações criadas pelo imperialismo para intervir no exterior sob a alcunha da filantropia. Tirando de campo a possibilidade de uma denúncia mais direta em relação à soberania de outros países.
Esse movimento, partindo do PSOL mas se alastrando para o resto da esquerda pequeno-burguesa brasileira, bem como a setores do próprio PT, resultou em uma adição central ao programa ideológico esquerdista nacional: a questão do identitarismo.
Por meio do identitarismo, ideologia fabricada nos campi das universidades americanas, o imperialismo golpeia o marxismo ao reduzir a luta de classes em uma luta de “opressões”. A opressão da classe operária pelo capitalismo não é mais uma questão econômica concreta, mas sim dogmática baseada em concepções profundamente reacionárias.
Dessa maneira, a esquerda brasileira abandonou completamente a defesa dos trabalhadores, inúmeras vezes se aliando com figuras profundamente reacionárias da política nacional, como é o caso dos banqueiros.
O imperialismo, portanto, atingiu o seu objetivo: criou-se uma esquerda adestrada que segue os ditames do grande capital e que, consequentemente, luta, muitas vezes, contra o desenvolvimento da luta operária no Brasil, em prol do próprio capitalismo.
Nesse sentido, o socialismo foi completamente abandonado, assim como a luta pela revolução proletária. No lugar, está uma ideologia direitista financiada pelo imperialismo, ideologia que, inevitavelmente, resulta no ataque às reivindicações dos trabalhadores.