A trajetória política de Luiz Inácio Lula da Silva, resultado da luta sindical contra a ditadura militar no final dos anos 70, foi marcada por muitos ataques por parte da burguesia. Todas as campanhas eleitorais de Lula foram atacadas e os resultados manipulados pelas instituições que controlam o processo eleitoral.
Embora o ex-presidente não seja um revolucionário, que tenha governado com a direita nos seus dois mandatos, a reação da burguesia foi sempre de tentar atacar ou ao menos controlar quando não fosse possível evitar uma vitória.
Lula foi injustamente preso em 2018, perdeu direitos, inclusive o de habeas-corpus, ficou 580 dias encarcerado, só podendo dar entrevista depois das eleições, o que configurou claramente uma manipulação do processo eleitoral, dentre outras armações que levaram o país ao fosso sócio-econômico em que se encontra.
Agora, o ex-presidente Lula faz uma escolha ruim para ser seu vice, um algoz da classe trabalhadora, Geraldo Alckmin, que apenas subtrai, tira voto e confunde a classe trabalhadora e alimenta o discurso da extrema-direita bolsonarista que demagogicamente se coloca como antissistema, quando, na verdade, é mais uma ferramenta da burguesia para derrotar os setores progressistas. O ex-presidente Lula não será o candidato da terceira via, pois seu programa, embora ainda tímido, vai de encontro ao programa reacionário da burguesia.
A escolha de Alckmin para compor a chapa de Lula não significa uma aprovação e apoio da burguesia golpista. Essa escolha é um erro de análise do ex-presidente que pode lhe custar muitos votos.
Geraldo Alckmin como vice presidente é um erro que desmoraliza os militantes e movimentos sociais, pois, além de não assegurar apoio da burguesia, o que já seria um erro para um partido de esquerda, um partido popular que queira pelo menos reformar o país, significa apenas um cavalo-de-troia, pois o golpe contra um novo mandato de Lula é iminente.
A crise dentro das instituições burguesas – STF, TSE e imprensa – com o presidente Jair Bolsonaro é temporária, uma espécie de briga de família. Na guerra política atual todos estarão juntos contra Lula e a classe trabalhadora. A burguesia não dar sinais de que apoiará Lula, sobretudo depois que o candidato petista passou a caminhar para a esquerda e vem defendendo pautas que vão de encontro ao neoliberalismo e partidos burgueses. Lula já sinalizou que mudará a política de preços da Petrobras, cujos aumentos abusivos da gasolina vêm alavancando a inflação. Lula não irá privatizar nenhuma estatal. Já disse que irá rever todas as reformas realizadas a partir do golpe de 2016, sobretudo a reforma trabalhista, que vem destruindo empregos e deteriorando as condições de trabalho no Brasil. Além da reforma trabalhista, o governo Lula também irá mudar a reforma da previdência que praticamente impossibilita o direito de aposentadoria dos brasileiros.
Nenhuma das propostas de Lula favorece o que a burguesia quer. A não ser o Cavalo-de-Troia como vice, que é Geraldo Alckmmin, o novo Michel Temer golpista na chapa, Lula será novamente alvo dos ataques da burguesia nacional a mando do imperialismo, que manterá sua política de desestabilização das potências regionais, como já vem fazendo na Rússia (provocando a guerra na Ucrânia, cujo governo ele usa como bucha de canhão) e na China.
É preciso mobilizar a classe trabalhadora em prol da candidatura de Lula e, se vitoriosa, continuar nas ruas lutando pelos projetos em prol do povo, como o fim de todas as reformas oriundas do Golpe de Estado de 2016.